17/01/2024

Água engarrafada contém quantidades enormes de nanoplásticos

Redação do Diário da Saúde
Água engarrafada contém centenas de milhares de nanoplásticos
Usando lasers, os cientistas fotografaram centenas de milhares de minúsculas partículas de plástico anteriormente invisíveis na água engarrafada.
[Imagem: Naixin Qian, Columbia University]

Nanoplásticos

Depois que se descobriu que partículas microscópicas de plásticos, conhecidas por isso como microplásticos, passaram a ser reconhecidas como um contaminante emergente que está poluindo a água, o solo e o ar, a atenção logo se voltou para segmentos ainda menores dos polímeros artificiais.

Mil vezes menores do que os microplásticos e com potencial muito maior de afetar os seres vivos, os nanoplásticos já estão envolvidos até mesmo no desenvolvimento da doença de Parkinson.

Como os nanoplásticos podem ser formados por pouco mais do que algumas cadeias de moléculas liberadas dos plásticos, Naixin Qian e seus colegas da Universidade de Colúmbia, nos EUA, decidiram então verificar se as próprias embalagens plásticas liberam esses nanoplásticos nos produtos que armazenam.

Eles desenvolveram uma técnica para identificar essas minúsculas partículas em líquidos e então contaram quantas delas estavam presentes na água engarrafada.

O resultado é impressionante: Em média, um litro contém cerca de 240 mil fragmentos de plástico detectáveis, o que é de 10 a 100 vezes mais do que os cientistas estimavam até agora, em cálculos que se baseavam principalmente em tamanhos maiores.

Água engarrafada contém centenas de milhares de nanoplásticos
Microplásticos são definidos como fragmentos que variam de 5 milímetros a 1 micrômetro (um fio de cabelo humano tem cerca de 70 micrômetros de diâmetro). Os nanoplásticos são partículas abaixo de 1 micrômetro, ou seja, na casa dos nanômetros, que são bilionésimos de metro.
[Imagem: Naixin Qian et al. - 10.1073/pnas.2300582121]

Nanoplásticos na água engarrafada

Os nanoplásticos são tão pequenos que, ao contrário dos microplásticos, podem passar através dos intestinos e dos pulmões diretamente para a corrente sanguínea e daí viajar para órgãos como o coração e o cérebro. Eles podem invadir células individuais e atravessar a placenta até o corpo dos bebês. É por isso que os cientistas e médicos estão correndo para estudar os possíveis efeitos desses compostos em uma ampla variedade de sistemas biológicos.

"Anteriormente, esta era apenas uma área escura, não mapeada. Os estudos de toxicidade eram apenas adivinhar o que havia lá," disse Beizhan Yan, coautor do estudo. "Este estudo abre uma janela onde podemos olhar para um mundo que não nos foi exposto antes."

De fato, o estudo foi possível graças a uma técnica chamada microscopia de espalhamento Raman estimulado, inventada por um dos autores. Ela envolve sondar as amostras com dois lasers simultâneos, que são ajustados para fazer ressonância de moléculas específicas. Visando sete plásticos comuns, os pesquisadores criaram um algoritmo baseado em dados para interpretar os resultados.

Analisando três marcas de água mineral vendidas nos EUA, a equipe detectou de 110.000 a 370.000 partículas em cada litro, 90% das quais eram nanoplásticos - o resto eram microplásticos. Um que não causou surpresa foi o PET, usado na fabricação das garrafas. Outros experimentos mostraram que os nanoplásticos podem se soltar pelo apertar da garrafa ou meramente por abrir e fechar sua tampa.

No entanto, o PET foi superado em número pela poliamida, um tipo de náilon. Ironicamente, esse plástico provavelmente vem dos filtros usados para supostamente purificar a água antes de ela ser engarrafada. Outros plásticos comuns encontrados pelos pesquisadores foram: Poliestireno, cloreto de polivinila e polimetilmetacrilato, todos utilizados em diversos processos industriais.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Rapid single-particle chemical imaging of nanoplastics by SRS microscopy
Autores: Naixin Qian, Xin Gao, Xiaoqi Lang, Huiping Deng, Teodora Maria Bratu, Qixuan Chen, Phoebe Stapleton, Beizhan Yan, Wei Min
Publicação: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 121 (3) e2300582121
DOI: 10.1073/pnas.2300582121
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