16/09/2022

Identificados anticorpos que podem dispensar vacina de reforço contra covid

Redação do Diário da Saúde
Anticorpos que não mudam com variantes podem dispensar vacina de reforço contra covid
Anticorpos que não mudam com o surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2 podem dispensar as doses de reforço da vacina contra covid.
[Imagem: Ruofan Li et al. - 10.1038/s42003-022-03739-5]

Anticorpos persistentes

Pesquisadores demonstraram que anticorpos isolados do sistema imunológico de pacientes recuperados da covid-19 são eficazes na neutralização de todas as cepas conhecidas do vírus, incluindo as variantes delta e ômicron.

Segundo Ruofan Li e seus colegas, esta descoberta pode eliminar a necessidade de repetidas doses de reforço da vacina contra a doença e ajudar a fortalecer o sistema imunológico das populações em risco.

O trabalho é uma continuação de um estudo preliminar realizado pela mesma equipe em outubro de 2020, no auge da crise da covid-19. Naquela época, os pesquisadores sequenciaram todas as células do sistema imunológico no sangue de pessoas que se recuperaram da cepa original de covid, isolando nove anticorpos que os pacientes produziram para se curar.

Os pesquisadores agora descobriram que alguns desses anticorpos são muito eficazes na neutralização das novas variantes do coronavírus - os testes foram feitos especificamente com as variantes delta e ômicron.

92% de eficácia

"No estudo anterior, mostramos que os vários anticorpos que são formados em resposta à infecção com o vírus original são direcionados contra diferentes locais do vírus. Os anticorpos mais eficazes foram aqueles que se ligaram à proteína de pico do vírus, no mesmo lugar onde o pico se liga ao receptor celular ACE2. Claro que não fomos os únicos a isolar esses anticorpos, e o sistema de saúde global fez uso extensivo deles até a chegada das diferentes variantes do coronavírus, que acabaram por tornar a maioria desses anticorpos inútil.

"No estudo atual, provamos que dois outros anticorpos, TAU-1109 e TAU-2310, que se ligam à proteína de pico viral em uma área diferente da região onde a maioria dos anticorpos estavam concentrados até agora (e, portanto, foram menos eficazes em neutralizar a cepa original), são realmente muito eficazes na neutralização das variantes delta e ômicron.

"De acordo com nossas descobertas, a eficácia do primeiro anticorpo, TAU-1109, é de 92% na neutralização da cepa ômicron e de 90% na neutralização da cepa Delta. O segundo anticorpo, TAU-2310, neutraliza a variante ômicron com um eficácia de 84% e a variante delta com eficácia de 97%," explicou a pesquisadora Natalia Freund, da Universidade de Tel Aviv.

Anticorpos versus vacina

A eficácia surpreendente desses anticorpos pode estar relacionada à evolução do vírus: Os anticorpos TAU-1109 e TAU-2310 não se ligam ao sítio de ligação do receptor ACE2, mas a outra região da proteína de pico - uma área do pico que, por algum motivo, não sofre muitas mutações.

Para checar suas descobertas, a equipe enviou os dois anticorpos para testes por outras equipes, em outras universidades, para verificar sua eficácia contra vírus vivos e contra pseudovírus; os resultados foram idênticos e igualmente encorajadores em ambos os testes.

"Em nossa opinião, o tratamento direcionado com anticorpos e sua entrega ao corpo em altas concentrações pode servir como um substituto eficaz para as repetidas doses de reforço, especialmente para populações em risco e com sistema imunológico enfraquecido. É possível que, usando um tratamento de anticorpos eficaz, não tenhamos que fornecer doses de reforço para toda a população toda vez que houver uma nova variante," defende a equipe.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Conformational flexibility in neutralization of SARS-CoV-2 by naturally elicited anti-SARS-CoV-2 antibodies
Autores: Ruofan Li, Michael Mor, Bingting Ma, Alex E. Clark, Joel Alter, Michal Werbner, Jamie Casey Lee, Sandra L. Leibel, Aaron F. Carlin, Moshe Dessau, Meital Gal-Tanamy, Ben A. Croker, Ye Xiang, Natalia T. Freund
Publicação: Communications Biology
Vol.: 5, Article number: 789
DOI: 10.1038/s42003-022-03739-5
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