22/02/2023

Biomaterial cura o coração de dentro para fora depois de um infarto

Redação do Diário da Saúde
Biomaterial cura o coração de dentro para fora depois de um infarto
O material é injetado por via intravenosa e cura os tecidos de dentro para fora.
[Imagem: David Baillot/UCSD]

Curar o coração após um infarto

Apesar dos milhões de ataques cardíacos que acometem pacientes a cada ano, não há um tratamento capaz de reparar os danos que o infarto causa ao tecido cardíaco. Assim, não há como fugir da cicatriz que se desenvolve no músculo cardíaco, o que diminui a função muscular e pode levar à insuficiência cardíaca congestiva.

Mas agora há uma esperança: Um novo biomaterial, que pode ser injetado por via intravenosa, reduziu a inflamação no tecido cardíaco e ainda promoveu o reparo celular e tecidual.

O biomaterial foi testado e provou ser eficaz no tratamento de danos nos tecidos causados por ataques cardíacos em modelos de roedores e em animais de grande porte.

Os testes iniciais também forneceram prova de conceito em um modelo de roedor de que o biomaterial pode ser benéfico para pacientes com traumatismo cranioencefálico e hipertensão arterial pulmonar.

"Este biomaterial permite tratar o tecido danificado de dentro para fora. É uma nova abordagem para a engenharia regenerativa," disse a Dra Karen Christman, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA).

Biomaterial injetável

A equipe já havia desenvolvido um hidrogel feito a partir do andaime natural do tecido muscular cardíaco, também conhecido como matriz extracelular, que pode ser injetado no tecido muscular cardíaco danificado por meio de um catéter.

O gel forma um andaime em áreas danificadas do coração, estimulando o crescimento e reparo de novas células. Mas, como o hidrogel precisa ser injetado diretamente no músculo cardíaco, ele só pode ser usado uma semana ou mais após um ataque cardíaco - mais cedo do que isso traz o risco de causar danos por causa do procedimento de injeção com agulha.

Para desenvolver um tratamento que possa ser administrado imediatamente após um ataque cardíaco, a equipe recriou o biomaterial para que ele possa ser infundido em um vaso sanguíneo do coração ao mesmo tempo que outros tratamentos, como angioplastia ou stent, ou injetado por via intravenosa.

Outra vantagem do novo biomaterial é que ele se distribui uniformemente pelo tecido danificado porque é infundido ou injetado por via intravenosa - em comparação, o hidrogel injetado por meio de catéter permanece em locais específicos e não se espalha.

E a equipe ainda constatou um benefício inesperado do novo biomaterial: Ele se ligou às células do coração, fechando seus interstícios e acelerando a regeneração dos vasos sanguíneos, reduzindo a inflamação.

Agora é aguardar os resultados dos testes em humanos, para os quais a equipe já está se preparando e solicitando as autorizações necessárias.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Intravascularly infused extracellular matrix as a biomaterial for targeting and treating inflamed tissues
Autores: Martin T. Spang, Ryan Middleton, Miranda Diaz, Jervaughn Hunter, Joshua Mesfin, Alison Banka, Holly Sullivan, Raymond Wang, Tori S. Lazerson, Saumya Bhatia, James Corbitt, Gavin D’Elia, Gerardo Sandoval-Gomez, Rebecca Kandell, Maria A. Vratsanos, Karthikeyan Gnanasekaran, Takayuki Kato, Sachiyo Igata, Colin Luo, Kent G. Osborn, Nathan C. Gianneschi, Omolola Eniola-Adefeso, Pedro Cabrales, Ester J. Kwon, Francisco Contijoch, Ryan R. Reeves, Anthony N. DeMaria, Karen L. Christman
Publicação: Nature Biomedical Engineering
DOI: 10.1038/s41551-022-00964-5
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