29/01/2016

Campanhas de prevenção do câncer não trazem benefícios, diz relatório

Com informações da Cordis

Rastreio e mortalidade

Os programas de rastreio - chamados à população para a realização de exames de saúde preventivos - são comumente percebidos em todo o mundo como a melhor forma para lidar com várias doenças, especialmente os tipos de câncer que mais afetam homens e mulheres, como câncer de mama e câncer de próstata.

No entanto, especialistas da Alemanha e dos Estados Unidos argumentam que os benefícios do rastreio não apenas são exagerados, mas que a própria prática pode nem mesmo contribuir para salvar vidas de forma eficaz.

A análise conclui que, embora possa haver menos mortes pelo tipo específico de câncer para o qual os exames preventivos são feitos, o rastreio tem pouco impacto sobre a taxa de mortalidade global.

Mortes geradas pelos falsos positivos

Usando o exemplo do câncer de próstata, os pesquisadores afirmam que os resultados positivos dos exames preventivos muitas vezes acabam por ser alarmes falsos - os falsos positivos - levando os pacientes a se submeterem a tratamentos desnecessários que podem ter consequências psicológicas e médicas prejudiciais.

Por exemplo, argumentam eles, os cerca de um milhão de homens diagnosticados anualmente com câncer da próstata, e que se submetem a uma biópsia, são mais propensos a sofrer um ataque cardíaco, tirar suas próprias vidas no primeiro ano após o diagnóstico ou morrer de complicações do tratamento desnecessário.

No caso das mulheres e da prevenção do câncer de mama o problema parece se repetir: um estudo recente feito nos EUA mostrou que receber um falso positivo na mamografia aumenta o risco de câncer real no futuro.

"É muito claro o fato de que algumas mortes não relacionadas ao câncer são devidas ao rastreio," resume o Dr. Vinay Prasad, um dos autores do novo relatório, publicado no British Medical Journal (BMJ).

Mortalidade global

O Dr. Prasad e sua equipe recomendam que grandes estudos populacionais devem ser realizados para determinar com certeza se o rastreio do câncer realmente salva vidas, envolvendo milhões de pessoas a fim de recolher resultados precisos e confiáveis. Tal estudo deveria medir todas as mortes, em vez de apenas aquelas causadas especificamente pelo câncer ou outra doença de que trate o estudo.

Eles admitem que é difícil conseguir financiamento para um estudo desse porte porque há uma crença disseminada nos benefícios das campanhas de prevenção e pouco apoio político para enfrentar o problema.

Enquanto isso, o Dr. Prasad e seus colegas argumentam que os pacientes precisam ser melhor informados dos riscos potenciais dos programas de rastreio e devem ser habilitados a tomar uma decisão informada sobre se os benefícios do rastreio superam as potenciais consequências negativas.

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