19/06/2015

Mulheres sofrem anos após falso positivo de mamografia

Redação do Diário da Saúde

"Foi um alarme falso. Você não tem câncer de mama."

A primeira impressão é que uma frase assim ouvida de um médico seria uma mensagem feliz para as mulheres que fizeram uma mamografia que inicialmente mostrou sinais de que algo poderia estar errado.

No entanto, embora as mulheres que receberam a notícia inicial negativa sejam declaradas saudáveis após exames de acompanhamento, elas são tão afetadas pela primeira mensagem que ainda mostrarão sinais de estresse e depressão vários anos após o falso alarme.

Falsos positivos e emoções negativas reais

Os falsos positivos das mamografias são um problema bem conhecido da comunidade médica, que vem procurando formas de contorná-lo, sobretudo desenvolvendo novos tipos de exames.

"Nosso novo estudo mostra que defrontar-se com um potencial diagnóstico de câncer de mama tem um efeito negativo. Até agora, acreditávamos que as mulheres que só precisavam passar por exames físicos ou mamografia adicional se sentiriam mentalmente melhores do que as mulheres que tiveram que passar por uma biópsia ou cirurgia. Acontece que não há diferença entre ter que se submeter a um exame físico ou a uma cirurgia. Ouvir que você pode ter câncer é o que afeta, gera tensão e preocupa [as mulheres]," explicou o Dr. Bruno Heleno, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), principal autor do trabalho.

Heleno acrescenta que o estudo excluiu outros fatores conflitantes, como as condições sociais e financeiras das mulheres, que poderiam afetar seu estado mental ao longo dos anos, de forma a isolar o efeito do anúncio inicial do provável câncer de mama.

Efeitos positivos e negativos das mamografias

Durante quatro anos, a equipe acompanhou 1.300 mulheres que precisaram passar por exames de acompanhamento depois de uma suspeita de câncer de mama gerada por uma mamografia de rotina.

Os resultados mostraram que as mulheres foram profundamente afetadas pelo falso positivo, com os sintomas persistindo vários anos depois que a suspeita do câncer de mama foi negada.

"Para cada mulher que morre de câncer de mama, 200 mulheres recebem um falso positivo. Deveríamos discutir se os efeitos negativos da mamografia superam os efeitos positivos, e se é hora de reavaliar o programa de rastreio por mamografia," disse o Dr. John Brodersen, orientador do estudo.

"Temos de fazer tudo o que pudermos para reduzir o número de mamografias falso-positivas. Nós também devemos fazer melhor dando às mulheres informações de que pode haver consequências psicológicas associadas a um rastreio mamográfico, e que muitas mulheres recebem falsos positivos," completou o pesquisador.

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