25/11/2016

Comer carne todo dia piora aquecimento global?

Com informações da Agência Brasil
Comer carne todo dia piora aquecimento global?
Observatório do Clima diz que a carne, desde a criação do gado até a mesa, é responsável pela liberação de grande quantidade de gases que causam o aquecimento global.
[Imagem: EBC]

Churrasco e clima

A picanha, a fraldinha e a maminha, bem salgadas, feitas na brasa, símbolos de um bom churrasco, estão se tornando inimigas do clima. É que a carne, desde a criação do gado até a mesa do brasileiro, é responsável pela liberação de grande quantidade de gases que causam o aquecimento global, segundo o Observatório do Clima, uma rede que reúne 40 organizações da sociedade civil.

A recomendação é que o consumo de carne de boi seja menor e a produção mais eficiente.

Os impactos causados pela agropecuária são responsáveis por 69% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil. Estão incluídos na conta poluentes decorrentes do processo digestivo e dejetos de rebanhos, o uso de fertilizantes e o desmatamento (43% das emissões nacionais).

De acordo com a coordenadora do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), Marian Piatto, que integra a rede do Observatório do Clima, somente o gado de corte é responsável por 65% das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária - o Brasil tem um dos maiores rebanhos do mundo, cerca de 200 milhões de animais, o que agrava o problema. "É quase um por pessoa", compara ela.

Além dos problemas com o gado, entram na conta o transporte da carga, que, na maioria das vezes, usa diesel, o mais poluente dos combustíveis e o desmatamento para criação de pasto. Na Amazônia, onde avança o uso de terras para a atividade, é comum a ocupação de áreas derrubadas com o gado, denunciou Eron Martins, do Instituto Imazon.

Soluções visam reduzir emissões

Segundo os especialistas, às vésperas de o acordo de Paris entrar em vigor, em 2017, com metas para limitar o aumento da temperatura no planeta, há espaço na agropecuária para redução das emissões, como melhor manejo de pastagens e menor uso de fertilizantes. O governo, por sua vez, deve atrelar a concessão de subsídios, como o Plano Safra, às contrapartidas ambientais.

Os ambientalistas, porém, são unânimes em recomendar menor consumo de carne.

"Cada bife que a gente come é responsável por impacto ambiental. Não comemos camarão e lagosta todo o dia, por que temos a necessidade de comer uma quantidade diária de carne bovina?", questionou Marina. Uma meta internacional para tornar a carne brasileira mais sustentável foi descartada porque o destino de 80% do gado do país é a mesa do brasileiro, disse.

CNA questiona números

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) questionou os dados e disse que a conta do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa é uma "visão parcial" da produção.

"Precisamos promover políticas de recuperação de pastagens em degradação para aumentar produtividade e emitir menos gases, produzindo comida e o nosso churrasco de fim de semana," argumentou Nelson Ananias Filho, da CNA, acrescentando que uma pastagem bem manejada sequestra até 90% de toda emissão da pecuária.

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