27/05/2021

Epidemia varia largamente nas diversas regiões do Brasil

Com informações da Agência Fapesp

Várias epidemias

Os dados mais recentes mostram que há tantas diferenças na forma como a covid-19 se espalhou pelo Brasil que os pesquisadores começam a defender que há "várias epidemias" em curso no país.

E, se as epidemias são diferentes, elas precisam ser enfrentadas de forma diferenciada.

Na média, até o final de abril de 2021, com a curva de contágio em ascensão, 15% dos brasileiros testados tinham anticorpos contra o SARS-CoV-2.

Contudo, os índices de soropositividade variaram de 9,9% no Ceará a 31,4% no Amazonas.

Os índices também são diferentes dentro de cada uma das regiões: No Sudeste, por exemplo, 19,57% da população do Rio de Janeiro tinha anticorpos contra o coronavírus, percentual semelhante aos 18,73% registrados no Espírito Santo, mas superior à soropositividade média dos paulistas, de 13%.

Foram registradas, ainda, variações entre municípios do mesmo Estado. Em São Paulo, a soroprevalência média em Sorocaba e Bauru foi de 9%; a de Marília, 20% e a de cidades como São José do Rio Preto, Araçatuba, Ribeirão Preto e São José dos Campos variou entre 13% e 15%.

"Esses resultados mostram que há muita variação espacial na epidemia. Temos várias epidemias e não apenas uma no Brasil. Essa variação se estende por todo o país e será um dos objetos de estudo mais detalhado deste projeto," disse o professor Marcelo Burattini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador da pesquisa EPIcovid-19 BR 2.

Dinâmica da pandemia

Os resultados preliminares da pesquisa, segundo Burattini, sugerem que a soroprevalência registrada é significativamente menor do que as previsões até então divulgadas sobre a proporção de casos assintomáticos fariam supor.

"Quando tivermos concluído a análise das 133 cidades, comparando os dados desse inquérito com a ocorrência notificada de covid-19, teremos importantes subsídios para direcionar medidas públicas. Isso provavelmente vai levar a uma nova compreensão da dinâmica da doença e sua ocorrência em nosso meio," afirmou o pesquisador.

O EPIcovid-19 BR 2 teve como objetivo estimar o percentual de brasileiros infectados com o SARS-CoV-2 por idade, gênero, condição econômica, município e região geográfica; determinar o percentual de assintomáticos; avaliar sintomas e morbiletalidade (índice de pessoas mortas em decorrência de uma doença específica dentro de um grupo populacional), além de oferecer subsídio para políticas públicas e avaliação do alcance e impacto das medidas de isolamento social, sejam de lockdown ou de distanciamento social com medidas de proteção, como o uso de máscaras.

O estudo EPIcovid-19 BR 2 complementa as informações coletadas em outro inquérito, o EPIcovid-19 BR, realizado em quatro fases pela equipe do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), coordenada por Pedro Hallal. As três primeiras fases tiveram o apoio do Ministério da Saúde e, a quarta, da iniciativa Todos pela Saúde, do Itaú Unibanco.

Na primeira fase, realizada entre 14 e 21 de maio de 2020, a soroprevalência no Brasil era de 2,9%. Na segunda, entre 4 e 7 de junho, a média cresceu para 4,6%, mantendo-se estável na terceira, realizada entre 21 e 24 de junho. No quarto inquérito, conduzido entre 27 e 30 de agosto, a prevalência foi de apenas 1,2%.

"A discrepância da fase 4 em relação às demais ainda está sendo investigada", explica Burattini, que também participou dos primeiros inquéritos.

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