Estresse da mãe na gravidez afeta sono da criança

Nunca havia sido feita uma avaliação simultânea entre as associações do estresse pré-natal com diferentes aspectos do sono das crianças.
[Imagem: giselaatje/Pixabay]

Estresse da mãe e sono da criança

O estresse psicossocial das mães durante a gravidez tem associações negativas com o sono dos filhos ao longo da infância.

O estresse no início da vida está fortemente associado a um sono deficiente da infância até à idade adulta, e os primeiros determinantes dos distúrbios do sono infantil podem ser encontrados ainda no útero. Vários estudos associam os sintomas maternos de transtornos mentais durante a gravidez, em particular os sintomas depressivos e de ansiedade, a um sono pior até os 3 anos de idade dos filhos.

No entanto, apesar de grande parte dos estudos realizados até hoje indicarem que o sono infantil é afetado por um ambiente pré-natal de estresse, nunca havia sido feita uma avaliação simultânea entre as associações do estresse pré-natal com diferentes aspectos do sono das crianças (ex. duração e qualidade) e em diferentes períodos de desenvolvimento. Também era importante separar a predisposição genética dos efeitos ambientais na associação entre o estresse pré-natal e o sono infantil.

Foi justamente isso o que fizeram agora Desana Kocevska e sua equipe, financiada pela Fundação Bial (Portugal). A equipe investigou o ambiente pré-natal quantificando os fatores estressantes para as mães durante a gravidez em vários domínios, incluindo eventos negativos de vida (ex. morte na família), fatores contextuais (ex. más condições de habitação, dificuldades financeiras), fatores parentais (ex. psicopatologia parental, abuso de substâncias) e fatores interpessoais (ex. dificuldades de relacionamento familiar).

Além disso, foram estudados os aspectos qualitativos do sono (problemas semelhantes à insônia) e duração do sono, nos filhos entre os 2 meses e os 6 anos de idade. O estudo incluiu 9.778 mães grávidas, o sono de 4.930 crianças aos 2 meses, 18 meses, 2, 3 e 6 anos, além da determinação do risco poligênico (efeitos conjuntos de múltiplas variantes genéticas) para insônia numa subamostra de 2.063 crianças.

Problemas de sono na infância

Os resultados revelaram que um maior estresse pré-natal total está associado a mais problemas de sono em todos os momentos entre os 2 meses e os 6 anos de idade. Porém, a associação com menor duração do sono foi mais pronunciada até aos 2 anos de idade, parecendo atenuar-se com a idade.

"Curiosamente, os nossos resultados indicam que o estresse pré-natal, e os acontecimentos negativos de vida em particular, interagem com a probabilidade genética para insônias, exacerbando os problemas de sono aos 6 anos de idade, mas não em idades mais precoces," contou Kocevska.