26/04/2017

Jogos para o cérebro só lhe tornam melhor em... jogos para o cérebro

Redação do Diário da Saúde
Jogos para o cérebro só lhe tornam melhor em... jogos para o cérebro
"Talvez você se saia melhor fazendo exercícios aeróbicos, em vez de ficar na frente do computador jogando estes jogos."
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Jogos de treinamento cerebral

Os chamados "jogos de treinamento cerebral" já movimentam bilhões de dólares no mundo todo.

Um estudo após o outro, contudo, constatam que eles não são capazes de melhorar a cognição ou ajudar a prevenir declínios das funções cerebrais associados à idade.

Talvez por isso uma das empresas fabricantes desses jogos tenha sido recentemente multada em US$50 milhões pelas autoridades dos EUA por propaganda enganosa - depois que a empresa recorreu, a multa foi reduzida para US$2 milhões.

"Nossos resultados e estudos anteriores confirmam que há muito pouca evidência de que esses tipos de jogos possam melhorar sua vida de forma significativa," afirmaram Wally Boot e Neil Charness, da Universidade Estadual da Flórida (EUA).

Fronteiras da Mente

Os pesquisadores se concentraram em verificar se os jogos cerebrais poderiam aumentar a "memória de trabalho" necessária para uma variedade de tarefas. Eles montaram um grupo de pessoas para jogar um videogame de treinamento do cérebro chamado "Fronteiras da Mente", enquanto outro grupo de jogadores fazia jogos de palavras cruzadas ou sudoku.

Os pesquisadores, por sua vez, avaliaram se os jogos aprimoravam a memória de trabalho dos jogadores e, consequentemente, aprimoravam outras habilidades mentais, como raciocínio, memória e velocidade de processamento. Eles chamam isto de "transferência distante", já que uma habilidade conseguida de uma forma deve ser usada para desempenhar uma outra tarefa.

Jogos para o cérebro só lhe tornam melhor em... jogos para o cérebro
Os testes de QI não medem muita coisa, mas eles já ajudaram a mostrar que os jogos de treinamento cerebral não melhoram a inteligência.
[Imagem: UWO]

Apenas para resumir, os jogadores não conseguiram transferir nada, com os jogos não resultando em melhorias de raciocínio, memória ou velocidade de processamento.

"É possível treinar pessoas para se tornarem muito boas em tarefas que normalmente consideraríamos tarefas gerais de memória de trabalho: memorizar 70, 80, até 100 dígitos," comentou Charness. "Mas essas habilidades tendem a ser muito específicas e não apresentam muita transferência [distante]. A coisa que os idosos em particular devem se dar conta é, se eu puder ficar muito bom em palavras cruzadas, isso vai me ajudar a lembrar onde minhas chaves estão? E a resposta é provavelmente não."

Exergame

O professor Charness observa que outras pesquisas constataram que exercícios aeróbicos, em vez de exercícios mentais, são ótimos para o cérebro. O exercício físico pode realmente causar mudanças estruturais benéficas no cérebro e otimizar seu funcionamento. Ele prevê que jogos de exercícios (exer-gaming), que combinam exercícios com jogos cerebrais, vão aumentar em popularidade nos próximos anos.

"Eu não sairia do nosso estudo totalmente desanimado," disse ele. "É outro pedaço do quebra-cabeças que todos estamos tentando montar. É desanimador no sentido de que não conseguimos encontrar muita transferência e que parece ser um achado bastante consistente nas pesquisas. Mas se o seu verdadeiro objetivo é melhorar a função cognitiva e os jogos para o cérebro não estão ajudando, então talvez você se saia melhor fazendo exercícios aeróbicos, em vez de ficar na frente do computador jogando estes jogos."

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