28/03/2024

Máscara evita que pacientes com apneia sofram engasgos

Com informações da Agência Fapesp
Máscara evita que pacientes com apneia sofram engasgos
A nova máscara foi projetada a partir de uma técnica usada em equipamentos industriais pneumáticos.
[Imagem: Auspin]

Engasgar com ar

Uma máscara mais eficiente e confortável para o tratamento da apneia obstrutiva do sono está sendo desenvolvida por pesquisadores da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Aproveitando uma tecnologia usada em um projeto sobre turbinas a gás, os pesquisadores criaram um dispositivo médico cujo diferencial é evitar os "engasgos com ar" que ocorrem com o equipamento usado hoje para isso, conhecido como CPAP (sigla em inglês para Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas).

A apneia do sono é caracterizada por obstruções repetitivas da garganta durante o sono, que geram pausas respiratórias. Em pacientes com a condição, a musculatura da garganta se fecha e só volta ao normal quando a pessoa acorda, o que pode se repetir várias vezes ao longo de uma noite de sono.

Contudo, o CPAP não é bem tolerado por cerca de 50% dos pacientes. "Muitas pessoas abandonam o tratamento com o CPAP porque se engasgam com o ar que está sendo direcionado da boca para a cavidade nasal. Além disso, quando o engasgo ocorre, o CPAP também pára de funcionar," detalhou o pesquisador Vitor Bortolin.

Máscara para apneia do sono

Os pesquisadores estavam trabalhando em uma tecnologia para evitar emissões de gases de efeito estufa em máquinas pneumáticas, o que envolve reduzir ao máximo o vazamento de gases, como gás carbônico e metano, em compressores e turbinas. Foi aí que a equipe percebeu que o vazamento de gases também afeta o CPAP.

A equipe então projetou uma máscara com uma divisória entre as cavidades nasais e bucais, aproveitando a técnica que é aplicada em equipamentos da indústria de gases para fazer o ar circular entre duas cavidades. Isso mantém, no nível ideal e de forma autorregulada, diferentes pressões do ar no nariz e na boca - a pressão precisa ser cerca de 10% maior no nariz.

"Utilizamos uma técnica chamada de diodo fluídico, que é uma válvula, semelhante a um cano, sem partes móveis e com filamentos curvados, desenhados de forma a facilitar a transmissão do ar do nariz, por onde ele chega para a boca, onde é a saída de ar, e dificultar a volta do ar da boca para o nariz. Dessa forma, quando a pessoa abrir a boca, a válvula vai impedir que o ar se transfira para o nariz, o que previne o engasgo," explicou Vitor.

A válvula e os filamentos foram produzidos em uma impressora 3D e instalados em uma placa que divide as duas cavidades. A placa é feita de plástico e revestida de acolchoado de silicone. Devido ao seu desenho e às características do material, o equipamento é bem mais confortável e fácil de usar, seja em casa ou no ambiente hospitalar.

Os pesquisadores planejam agora testar o protótipo em pacientes.

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