23/10/2013

Vírus gigante é elo perdido entre vírus e bactérias

Redação do Diário da Saúde
Pandoravírus: vírus gigante é elo perdido entre vírus e bactérias
Os vírus gigantes do gênero Pandoravirus derrubam as fronteiras entre os vírus e as bactérias.
[Imagem: Nadège Philippe et al./Science]

Os chamados vírus gigantes parecem estar ficando cada vez maiores - ou, pelo menos o que conhecemos deles.

Em 2010, uma equipe internacional de pesquisadores descobriu um super-vírus no oceano com 500 genes.

Há poucos meses, os maiores vírus conhecidos já alcançavam 1.100 genes.

Para comparação, um vírus da gripe ou o vírus da AIDS contêm cerca de 10 genes cada um.

Para descrever as novas descobertas, criou-se uma nova categoria, os chamados mimivírus, e um novo gênero, os Pandoravirus.

Vírus incomuns

Agora, a mesma equipe francesa que descobriu o Pandoravirus salinus, o maior vírus conhecido até agora, descobriu que os vírus gigantes estabelecem uma conexão entre os vírus e as bactérias, sendo uma espécie de elo perdido.

Segundo os pesquisadores, esses vírus gigantes tornaram difusa a fronteira entre os vírus e as células nucleadas, "invadindo domínios que anteriormente se pensava serem exclusivos das bactérias".

Análises detalhadas feitas desde a divulgação da descoberta dos vírus gigantes mostraram que os dois primeiros pandoravírus não têm praticamente nada em comum com os vírus previamente descobertos, mesmo os considerados gigantes.

Além do mais, apenas uma pequena porcentagem (6%) das proteínas codificadas pelo Pandoravirus salinus são semelhantes àquelas identificadas em outros vírus ou organismos celulares.

Com um genoma deste tamanho, o Pandoravirus salinus demonstra que os vírus podem ser mais complexos do que algumas células eucarióticas (ou eucariontes).

Fronteira entre vírus e bactérias

Outra característica incomum é que os pandoravírus não têm nenhum gene que lhes permita construir proteínas, como a proteína do capsídeo, que é o bloco básico de construção dos vírus tradicionais.

"Eles definitivamente estabelecem uma ponte entre os vírus e as células - uma lacuna que foi proclamada como dogma logo no início da virologia moderna, nos anos 1950," afirmam Nadège Philippe e seus colegas em artigo publicado na revista científica Science.

"Isto também sugere que a vida celular pode ter surgido com uma variedade muito maior de formas pré-celulares do que o que se considera convencionalmente, já que o novo vírus gigante não tem quase nenhum equivalente entre os três domínios reconhecidos da vida celular, ou seja, eucariotos (ou eucariontes), eubactérias e archaea," concluem.

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