02/04/2018

Relógio biológico: Por que infarto e AVC ocorrem mais de manhã?

Redação do Diário da Saúde
Relógio biológico: Por que infarto e AVC ocorrem mais de manhã?
Não foi sem razão que a descoberta do relógio biológico ganhou o Prêmio Nobel: Mesmo nossos genes operam de forma rítmica, seguindo as batidas do ritmo circadiano.
[Imagem: CC0 Creative Commons/Pixabay]

Cuidado com o coração pela manhã

O relógio biológico do nosso corpo, configurado em parte por informações do ambiente, incluindo o ciclo luz-escuro, controla vários aspectos das funções diárias do nosso corpo, incluindo o sono, o ritmo cardíaco e a alimentação.

E parece que o sistema de defesa do nosso organismo também responde a esse relógio e influencia a capacidade do nosso corpo de se reparar e responder a lesões em diferentes momentos do dia.

Por exemplo, estatisticamente se sabe que ataques cardíacos e AVC - coágulos sanguíneos, em geral - ocorrem mais frequentemente nas primeiras horas da manhã, embora os cientistas ainda não houvessem encontrado um elo que associasse essas ocorrências ao ritmo circadiano.

Agora, finalmente se confirmou que, pela manhã, pacientes com doenças cardiovasculares têm níveis mais baixos de uma importante família de moléculas protetoras no sangue, o que pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos e ataques cardíacos nesse período.

A expectativa é que a descoberta da importância desse composto no sangue possa levar a novas formas de diagnosticar, tratar e prevenir as doenças cardiovasculares, sobretudo em seus aspectos mais agudos.

"Para as pessoas com doenças cardíacas, de manhã, pouco antes de sair da cama, um aumento da frequência cardíaca, juntamente com outras mudanças na corrente sanguínea, resulta em uma ativação de células na corrente sanguínea. Isso leva à formação de pequenos coágulos, o que pode levar ao bloqueio dos vasos sanguíneos, resultando em um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral," explicou o Dr. Jesmond Dalli, da Universidade Queen's Mary (Reino Unido).

Mediadores especializados pró-resolução

As moléculas em questão são conhecidas como mediadores especializados pró-resolução (SPMs), que são produzidas a partir de ácidos graxos ômega-3, os mesmos ácidos graxos encontrados nos peixes e outros alimentos saudáveis. Os SPMs estão envolvidos no controle do comportamento dos glóbulos brancos e das plaquetas durante a inflamação, permitindo que o corpo se cure.

O que a equipe descobriu é que, nas pessoas saudáveis, o nível de SPMs aumenta durante as primeiras horas da manhã, ajudando a controlar o comportamento dos glóbulos brancos e das plaquetas nos vasos sanguíneos.

Nos pacientes com doença cardiovascular, no entanto, a produção desses SPMs é significativamente prejudicada e associada a um aumento acentuado na ativação de células sanguíneas e à formação de aglomerados de glóbulos brancos e plaquetas, que podem contribuir para a formação de coágulos e inflamação dos vasos sanguíneos.

Quando os pesquisadores reabasteceram os níveis de moléculas de SPMs no sangue de pacientes com doenças cardiovasculares, o comportamento das células na corrente sanguínea melhorou, reduzindo-se a inflamação dos vasos sanguíneos, como ocorre nas pessoas sem predisposição para doenças cardiovasculares.

"Ficamos surpresos ao descobrir que um pequeno grupo de moléculas de um ácido graxo essencial, que anteriormente não se acreditava ter qualquer importância clínica, realmente parece controlar esse processo vital de ativação celular. Isso nos ajuda a entender como as doenças cardiovasculares podem ocorrer e descobrir novas formas possíveis de identificar, tratar e preveni-las," disse Dalli.

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