20/02/2018

Sabedoria: Como ela é vista quando chega o fim da vida

Redação do Diário da Saúde

Sabedoria no final da vida

A sabedoria é tipicamente considerada como fruto de uma vida longa, juntando experiências vividas e ponderações sobre as lições aprendidas.

Os cientistas, por sua vez, criaram nos últimos anos uma definição consensual de sabedoria como uma característica complexa com vários componentes inter-relacionados, como compaixão, controle emocional, espiritualidade e tolerância.

O Dr. Dilip Jeste e a Dra. Lori Montross Thomas, geriatras e neuropsiquiatras da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), tiveram uma ideia inusitada para aferir essas definições populares e científicas.

Eles pediram a opinião sobre a sabedoria a 21 pacientes terminais, com idades entre 58 e 97 anos, internados em um centro de cuidados paliativos e com um prognóstico de não mais do que seis meses de vida.

"O fim da vida apresenta uma perspectiva única," justificou Jeste. "Este é um momento extremamente desafiador, uma confluência de aprender a aceitar o que está acontecendo, ao mesmo tempo em que a pessoa se esforça para continuar crescendo e mudando e vivendo a vida que resta da melhor forma que pode. É esse paradoxo que, se compreendido, pode levar a uma sabedoria ainda maior ao confrontar a própria própria mortalidade."

Aceitação ativa

Todos os pacientes receberam o mesmo conjunto de perguntas, entre elas "Como você define a sabedoria?" e "Quais experiências influenciaram seu nível de sabedoria?" As entrevistas foram abertas, para permitir que os participantes apresentassem ou expandissem temas de importância para eles.

Por ordem de importância, os participantes classificaram os componentes definidores da sabedoria como comportamentos prossociais, tomada de decisão social, controle das emoções, abertura para novas experiências, reconhecimento da incerteza, espiritualidade, autorreflexão, senso de humor e tolerância.

Talvez não seja de surpreender que a doença grave, o diagnóstico de doença terminal ou o início do cuidado paliativo tenham alterado significativamente a conceituação de sabedoria de cada pessoa. "Minha perspectiva, minha visão da vida, minha visão de tudo mudou", disse um participante do estudo. "Tudo cresceu tremendamente".

Um tema recorrente entre os pacientes foi sua busca de aceitação ou paz com relação à sua doença, particularmente em termos de mudanças físicas e perdas funcionais.

"Não é um 'desistir' passivo, mas sim um processo ativo de enfrentamento", disse a Dra. Thomas. "Eles enfatizaram o quanto apreciaram a vida, dedicando tempo para refletir. Havia um forte senso de aproveitar plenamente o tempo restante e, assim, encontrar a beleza na vida cotidiana".

Reconhecer as bênçãos

Em resumo, os pacientes terminais descreveram a sabedoria como uma recalibração contínua entre aceitar ativamente sua doença e ainda querer crescer e mudar como pessoas - é um processo contínuo de alternar entre uma coisa e a outra, disseram eles. Não havia solução estática, mas sim um esforço constante para encontrar equilíbrio, paz e alegria no fim da vida.

"Agora, a sabedoria é estar consciente do meu ambiente, tentando ler as pessoas que encontro e tentando apreciar o meu dia e reconhecer as bênçãos. Procure o positivo em vez do negativo, eu diria," disse um dos pacientes.

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