27/09/2017

Tatuagens geram nanopartículas que se depositam nos gânglios

Redação do Diário da Saúde
Tatuagens geram nanopartículas que se depositam nos gânglios
Esquema da migração das nanopartículas presentes nas tintas de tatuagens dentro do corpo humano.
[Imagem: Christian Seim]

Tatuagem superficial, efeitos profundos

Os elementos que compõem a tinta usada nas tatuagens viajam dentro do corpo humano na forma de micropartículas e nanopartículas e atingem os gânglios linfáticos.

É a primeira vez que foram encontradas evidências analíticas do transporte de vários desses pigmentos orgânicos e inorgânicos e impurezas de elementos tóxicos, o que exigiu a caracterização em profundidade dos pigmentos ex vivo em tecidos tatuados.

Os resultados, obtidos por uma equipe da França e da Alemanha que utilizou o Laboratório Síncroton Europeu (ESRF) para caracterizar os tecidos e os contaminantes, foram publicados na revista Nature Scientific Reports.

"Quando alguém quer fazer uma tatuagem, frequentemente [essas pessoas] são muito cuidadosas na escolha de um estúdio onde se usa agulhas estéreis que não foram usadas anteriormente. Ninguém verifica a composição química das cores, mas nosso estudo mostra que essas pessoas deveriam fazer isto," resumiu o professor Hiram Castillo, membro da equipe.

Tatuagens geram nanopartículas que se depositam nos gânglios
As imagens de fluorescência de raios X mostram as nanopartículas já depositadas no tecido - incluindo partículas de dióxido de titânio.
[Imagem: ESRF/Ines Schreiver]

Colorindo os gânglios linfáticos

Segundo a equipe, pouco se sabe sobre as potenciais impurezas na mistura de cores aplicada à pele durante as tatuagens. A maioria das tintas de tatuagem contém pigmentos orgânicos, mas também incluem conservantes e contaminantes como níquel, cromo, manganês ou cobalto. Além disso, depois do carbono negro, o componente mais encontrado nessas tintas é o dióxido de titânio (TiO2) que, na forma de nanopartículas, pode ser ativado pela luz do Sol e tornar-se tóxico no interior do corpo humano.

"Nós já sabíamos que os pigmentos de tatuagens viajam para os gânglios linfáticos devido à evidência visual: os gânglios linfáticos ficam coloridos com a cor da tatuagem. É a resposta do corpo para limpar o local de entrada da tatuagem. O que nós não sabíamos é que os pigmentos viajam de forma nano, o que implica que eles podem não ter o mesmo comportamento que as partículas em um nível micro. E esse é o problema: não sabemos como as nanopartículas reagem," explicou o pesquisador Bernhard Hesse.

As medições de fluorescência de raios X mostram uma ampla gama de partículas, com até vários micrômetros de tamanho, na pele das pessoas que se tatuaram, mas apenas partículas menores (nano) foram detectadas nos gânglios linfáticos. Isso pode levar ao aumento crônico do linfonodo e à exposição ao longo de toda a vida.

A equipe também relata fortes evidências tanto da migração quanto da deposição a longo prazo dos elementos tóxicos e dos pigmentos das tatuagens, bem como de alterações conformacionais de biomoléculas que têm sido associadas à inflamação cutânea e outras adversidades após a tatuagem.

O próximo passo da equipe será inspecionar novas amostras de tecidos de pacientes com efeitos adversos em suas tatuagens, a fim de verificar se há ligações entre esses efeitos e as propriedades químicas e estruturais dos pigmentos usados para criar as tatuagens.

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