30/06/2023

Tomar um cafezinho para acordar? O efeito pode não se dever à cafeína

Redação do Diário da Saúde
Tomar um cafezinho para acordar? O efeito pode não se dever à cafeína
O resultado foi o mesmo que foi obtido quando se avaliou os benefícios do café para o fígado.
[Imagem: Max/Pixabay]

Como o café faz efeito?

Talvez o ritual de tomar um cafezinho de manhã possa ser tão importante para lhe manter alerta do que o próprio cafezinho em si mesmo. Ou talvez o café tenha substâncias cujos efeitos os cientistas ainda não compreendem.

Um maior nível de atenção e disposição conseguido após a ingestão de um café quente sempre foi atribuído ao seu principal componente, a cafeína.

Mas Maria Pérez e seus colegas da Universidade do Minho (Portugal) queriam tirar isso a limpo.

"Há uma expectativa comum de que o café aumenta o estado de alerta e o funcionamento psicomotor," justificou o professor Nuno Sousa. "Ao entender melhor os mecanismos subjacentes a um fenômeno biológico, você abre caminhos para explorar os fatores que podem modulá-lo e até os benefícios potenciais desse mecanismo."

A equipe recrutou pessoas que bebiam no mínimo uma xícara de café por dia e pediram que se abstivessem de comer ou beber bebidas com cafeína por pelo menos três horas antes dos experimentos. Eles entrevistaram os participantes para coletar dados sociodemográficos e, em seguida, fizeram duas breves ressonâncias magnéticas funcionais: Uma antes e outra 30 minutos depois de tomar cafeína ou beber uma xícara de café padronizada.

Há mais no café do que só cafeína

Como esperado, os exames mostraram que a conectividade da rede de modo padrão do cérebro diminuiu, tanto depois de beber café quanto depois de tomar cafeína, o que indica que consumir cafeína ou café deixou as pessoas mais preparadas para passar do descanso para o trabalho nas tarefas.

Beber café também aumentou a conectividade na rede visual superior e na rede de controle executivo direita, partes do cérebro envolvidas na memória de trabalho, controle cognitivo e comportamento direcionado a objetivos.

A grande novidade é que isso não aconteceu quando os participantes tomaram apenas cafeína. Em outras palavras, se você quer se sentir não apenas alerta, mas pronto para partir para a ação, a cafeína sozinha não serve - você precisa experimentar aquela xícara de café completo.

A hipótese mais plausível agora é que outros compostos do café estejam envolvidos na "ativação" que sentimos ao tomar o cafezinho de manhã, não sendo este um efeito da cafeína.

"Levando em conta que alguns dos efeitos que encontramos foram reproduzidos pela cafeína, podemos esperar que outras bebidas com cafeína compartilhem alguns dos efeitos," disse Pérez. "No entanto, outros foram específicos para o consumo de café, impulsionados por fatores como o cheiro e o sabor específicos da bebida ou a expectativa psicológica associada ao consumo dessa bebida."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Coffee consumption decreases the connectivity of the posterior DMN at rest
Autores: Maria Picó-Pérez, Ricardo Magalhães, Madalena Esteves, Rita Vieira, Teresa C. Castanho, Liliana Amorim, Mafalda Sousa, Ana Coelho, Pedro S. Moreira, Rodrigo A. Cunha, Nuno Sousa
Publicação: Frontiers in Behavioral Neuroscience
DOI: 10.3389/fnbeh.2023.1176382
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