07/12/2022

Vacina brasileira contra covid-19 começa a ser testada em humanos

Com informações da Agência Fapesp
Vacina brasileira contra covid-19 começa a ser testada em humanos
Denominado SpiN-Tec, o imunizante foi desenvolvido por grupos da UFMG, Fiocruz e USP com o objetivo de estimular a imunidade celular contra o vírus SARS-CoV-2.
[Imagem: UFMG]

SpiN-Tec

Começaram os primeiros testes em humanos da SpiN-Tec, vacina contra a covid-19 desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais e financiada por instituições brasileiras.

O imunizante foi desenvolvido no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz Minas).

"O conhecimento acumulado com o desenvolvimento da SpiN-Tec nos deixa mais preparados para enfrentar futuros desafios no campo da saúde," afirmou Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG, onde estão sendo feitos os testes com voluntários.

O investimento em vacinas contribui para a soberania nacional, uma vez que países que desenvolvem seus próprios imunizantes conseguem proteger sua população e ainda exportar as vacinas e os insumos necessários à sua fabricação.

Até o início dos ensaios clínicos, a SpiN-Tec passou por várias fases. Os testes pré-clínicos, realizados em laboratório e em animais, confirmaram a eficácia e a segurança do imunizante.

Ativação dos linfócitos T

O antígeno, a substância que desencadeia a produção de anticorpos da SpiN-Tec, inclui duas proteínas do vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19. Uma é a proteína de pico (S, do inglês spike) e a outra é a do nucleocapsídeo (N), o que explica o nome SpiN.

"As vacinas contra a covid-19 em uso geram respostas de anticorpos neutralizantes. Já a SpiN-Tec foi desenvolvida para induzir resposta dos linfócitos-T, ou seja, ela gera uma resposta contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as vacinas atuais," explicou Ricardo Gazzinelli, coordenador do projeto.

Por essa particularidade, os pesquisadores acreditam que a SpiN-Tec seja mais efetiva que as vacinas atualmente disponíveis no Brasil contra variantes do SARS-CoV-2, como a ômicron e subvariantes. O imunizante também tem alta estabilidade, o que possibilita que seja mantido a 4 °C, como outras vacinas, e facilita a distribuição para lugares longínquos.

Ensaios clínicos

O CTVacinas abriu cadastro para pessoas que desejam participar como voluntárias das fases 1 e 2 dos testes clínicos da SpiN-Tec. O início do recrutamento de voluntários se iniciou logo após a aprovação do estudo pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), instância de avaliação ética em protocolos de pesquisa com seres humanos.

Em menos de dez dias, mais de mil pessoas se inscreveram para a triagem. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia autorizado a realização dos testes clínicos em outubro.

Os testes clínicos serão realizados em três fases. As duas primeiras fases ocorrerão em Belo Horizonte: a primeira com 72 voluntários e a segunda com 360. Os testes serão realizados no modelo duplo-cego: parte dos voluntários integra um grupo-controle, que receberá a vacina da AstraZeneca. Durante o estudo, cada participante ficará em acompanhamento por um ano.

Após a conclusão das fases 1 e 2, o grupo que desenvolve a SpiN-Tec enviará os relatórios do estudo para a Anvisa e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de 4 a 5 mil voluntários de várias partes do Brasil.

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