07/11/2022

Edição genética CRISPR-Cas9: Mesmo quando dá certo, coisas dão errado

Redação do Diário da Saúde
Edição genética CRISPR-Cas9: Mesmo quando dá certo, coisas dão errado
Os pesquisadores estão liderando um esforço para revelar as ameaças e riscos da edição de genes CRISPR-Cas9.[Imagem: Jeff Fitlow/Rice University]

Problemas da CRISPR-Cas9

A CRISPR-Cas9, a técnica de edição de genes vencedora do Prêmio Nobel, pode trazer problemas mesmo quando parece estar funcionando como planejado.

A técnica ficou famosa muito rapidamente, mas, tão logo passou o entusiasmo inicial, pesquisadores descobriram que a edição genética CRISPR-Cas9 pode gerar mutações que passam para os filhos, além de poder causar grandes rearranjos no DNA, com risco de câncer, no próprio paciente.

Mas as coisas parecem ser piores do que isso.

A equipe do professor Hyun Park, da Universidade Rice (EUA), apontou agora em um artigo publicado na revista Science Advances que, embora as alterações do DNA fora do alvo venham sendo motivo de preocupação há algum tempo, existem também mudanças "invisíveis", que acompanham as edições no alvo.

E agora será necessário um esforço de todos os pesquisadores para identificar e quantificar essas alterações totalmente inesperadas, recomenda a equipe.

CRISPR/Cas9 afetam células-tronco

O primeiro artigo científico mostrando danos extensos ao DNA durante a edição genética CRISPR/Cas9 foi publicado já em 2018, revelando a presença de grandes exclusões, não apenas junto ao local editado, mas a uma distância maior.

Isso trouxe preocupações de que grandes deleções, ou outras alterações não detectadas, possam persistir nas células-tronco à medida que elas se dividem e se diferenciam, tendo, portanto, implicações de longo prazo para a saúde.

E os testes realizados pela equipe, usando um método inovador desenvolvido para isso, mostraram que as preocupações tinham fundamento.

"Nós não temos uma boa compreensão de por que alguns milhares de bases de DNA no local de corte Cas9 podem se perder e as quebras de fita dupla de DNA ainda podem ser reunidas de forma eficiente," disse Gang Bao, membro da equipe. "Esta é a primeira pergunta, e temos algumas hipóteses. A segunda é, quais são as consequências biológicas? Grandes deleções podem atingir genes próximos e interromper a expressão tanto do gene alvo quanto dos genes próximos. Não está claro se as grandes deleções podem resultar na expressão de proteínas truncadas."

"Você também pode ter proteínas que se dobram incorretamente, ou proteínas com um domínio extra por causa de grandes inserções. Todos os tipos de coisas podem acontecer, e as células podem morrer ou ter funções anormais," acrescentou.

A equipe está agora analisando as consequências de longas deleções no RNA mensageiro, o mediador que carrega o código para que os ribossomos produzam proteínas. "Então vamos passar para o nível de proteína," disse Bao. "Nós queremos saber se essas grandes deleções e inserções persistem após as células-tronco progenitoras que tiveram os genes editados serem transplantadas em camundongos e pacientes."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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