30/06/2020

Felicidade pode proteger você de problemas gastrointestinais

Redação do Diário da Saúde
Felicidade pode proteger você de problemas gastrointestinais
A equipe conseguiu identificar o receptor de serotonina nas superfícies das bactérias E. coli e C. rodentium: é uma proteína conhecida como CpxA.[Imagem: Aman Kumar et al. - 10.1016/j.chom.2020.05.004]

Hormônio da felicidade

A serotonina, um composto químico conhecido por seu papel na produção de sentimentos de bem-estar e felicidade no cérebro, pode também reduzir a capacidade de algumas bactérias intestinais de causar infecções mortais.

Esta descoberta pode representar uma nova maneira de combater infecções para as quais atualmente existem poucos tratamentos realmente eficazes.

Embora a grande maioria das pesquisas sobre a serotonina tenha se centrado em seus efeitos no cérebro, cerca de 90% desse neurotransmissor - um composto químico usado pelas células nervosas para se comunicar - é produzido no trato gastrointestinal, explica a professora Vanessa Sperandio, da Universidade Southwestern (EUA).

Nos seres humanos, trilhões de bactérias vivem em nosso sistema gastrointestinal. A maioria delas é benéfica, mas as bactérias patogênicas também podem colonizar o trato gastrointestinal, causando infecções graves e potencialmente fatais.

Serotonina desarma bactérias

Como as bactérias intestinais são significativamente afetadas pelo ambiente, os pesquisadores se perguntaram se a serotonina produzida no intestino poderia afetar a virulência de bactérias patogênicas que infectam o trato gastrointestinal.

Eles trabalharam com a Escherichia coli O157, uma espécie de bactéria que causa surtos periódicos de infecções transmitidas por alimentos, frequentemente com casos fatais.

As bactérias patogênicas foram cultivadas em placas de Petri no laboratório, e então expostas à serotonina. Testes de expressão gênica mostraram que a serotonina reduziu significativamente a expressão de um grupo de genes que essas bactérias usam para causar infecções.

Experimentos adicionais, usando cobaias e células humanas, mostraram que a bactéria não consegue mais causar lesões associadas à infecção nas células depois que elas são expostas à serotonina.

Indo adiante na pesquisa, a equipe conseguiu identificar o receptor de serotonina nas superfícies das bactérias E. coli e C. rodentium: é uma proteína conhecida como CpxA. Como muitas espécies de bactérias intestinais também têm CpxA, é possível que a serotonina possa ter efeitos abrangentes na saúde bacteriana do intestino.

O objetivo agora é verificar se medicamentos voltados para atuar no sistema de serotonina poderiam ser usados contra as infecções bacterianas.

"O tratamento de infecções bacterianas, especialmente no intestino, pode ser muito difícil," comenta a professora Sperandio. "Se pudéssemos redirecionar o Prozac ou outras drogas da mesma classe, isso poderia nos dar uma nova arma para combater essas infecções desafiadoras".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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