16/11/2023

A idade muda o que lembramos de um filme?

Redação do Diário da Saúde

Memória dos filmes

Muitos filmes nos agradam e alguns até nos marcam profundamente, e é comum relembrarmos a história ou até mesmo a contarmos para amigos que não tiveram a oportunidade de assistir.

Mas o quão fiéis são essas nossas lembranças dos filmes? Mais ainda, será que a nossa idade altera o modo como nos lembramos dos filmes?

A preocupação se justifica porque é bem conhecido que a memória humana - nossa capacidade de nos recordarmos de algo - vai se degradando com a passagem do tempo. Os experimentos científicos normalmente mostram isso em testes usando padrões de esquecimento relativos a materiais simples, como listas de sílabas sem sentido, dígitos e imagens, porém pouco se sabe sobre o esquecimento, ao longo do tempo, de materiais mais complexos, tais como filmes.

Os filmes têm-se revelado, na verdade, uma ferramenta valiosa para investigar a memória relativa a eventos complexos (isto é, estímulos realistas, interrelacionados, visualmente ricos e dinâmicos) que permitem tanto o controle experimental como a validade ecológica.

Matteo Frisoni e seus colegas da Universidade Chieti-Pescara (Itália) idealizaram então um estudo que envolveu analisar a memória de 59 voluntários, divididos em dois grupos - um de jovens adultos (20-30 anos) e outro de meia-idade (40-55 anos) - após terem assistido a um episódio da série "Sherlock", da BBC. Cada voluntário devia responder sim/não a perguntas que abordavam detalhes de cenas específicas do filme e o quão confiantes estavam em suas respostas. O questionário foi reaplicado ao longo de três intervalos de retenção (1, 3 dias e 1 semana).

Os resultados indicaram que a deterioração da memória afeta principalmente a recordação dos diálogos do filme e que, como esperado, os participantes de meia-idade se esquecem mais desses detalhes, com os jovens adultos sendo mais precisos e mais confiantes em suas lembranças.

Esquecimento dos diálogos

O objetivo dos pesquisadores era aferir até que ponto informações verbais detalhadas, bem como elementos semânticos e espaçotemporais (ou seja, "o quê, "onde" e "quando") de memórias episódicas do filme, eram esquecidos no decorrer de uma semana. Ao mesmo tempo, eles queriam também testar se haveria um padrão semelhante de declínio da memória em diferentes grupos etários em relação aos experimentos científicos anteriores, que tipicamente usaram eventos mais simples.

Os dados revelaram que a deterioração da memória ao longo de uma semana afeta principalmente a dimensão verbal auditiva de eventos complexos, tanto em termos de precisão da memória como de confiança, enquanto as informações sobre "o quê" (objetos/personagens), "onde" (espacial) e "quando" (temporais) permanecem bem preservadas nesse período.

"A diminuição na recordação de eventos complexos registrada no grupo de adultos de meia-idade está em linha com estudos anteriores, em que este grupo etário demonstrou um declínio na recordação de detalhes," disse Matteo, realçando, no entanto, que os adultos de meia-idade têm sido ainda pouco estudados no domínio do envelhecimento cognitivo, provavelmente porque a maioria das suas capacidades mais complexas não mostram declínio relevante até à idade mais avançada.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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