07/01/2015

Aparelho médico suspeito de espalhar câncer em mulheres

Com informações da New Scientist

Morceladores

Uma conexão entre um dispositivo cirúrgico largamente utilizado e a propagação do câncer está provocando um debate furioso sobre as normas de segurança no meio médico.

Os ginecologistas usam morceladores em centenas de milhares de mulheres todos os anos.

Esses instrumentos são utilizados para triturar o tecido internamente e sugá-lo para fora através de pequenas incisões durante cirurgias laparoscópicas. Os morceladores permitem que uma mulher com um útero do tamanho de uma bola de basquete fique com cicatrizes tão pequenas após a sua remoção que ela pode usar um biquíni no verão seguinte.

Mas morceladores são aparelhos mecânicos, e não medicamentos. Assim, que "efeitos colaterais adversos" se poderia temer de um aparelho assim? Aparentemente alguns graves o bastante para chamar a atenção da comunidade médica e dos legisladores em saúde.

Miomas

Muitas pacientes que passam por histerectomias têm crescimentos uterinos chamados miomas, e agora há suspeitas de que 1 em cada 350 casos desses miomas são cancerosos - o dado considerado anteriormente falava em um risco de 1 em 10.000 casos.

Ocorre que, quando o médico usa o morcelador para moer um eventual tumor cancerígeno no interior da cavidade abdominal, o risco de espalhar a doença para outros lugares é significativo.

Foi o que aconteceu no ano passado com Amy Reed, na época uma médica anestesista em um hospital ligado à Universidade de Harvard. Ela e seu marido, um cirurgião em outro hospital da Universidade, onde Amy passou pela cirurgia, passaram o último ano lutando para que os morceladores fossem proibidos depois que ela sofreu o tão temido "efeito colateral".

Na última semana de novembro, a agência reguladora de saúde dos EUA, a FDA, emitiu seu longamente aguardado veredito sobre o assunto.

Proibição branca

No final, a Agência não proibiu taxativamente o uso dos morceladores. Contudo, os fabricantes do aparelho deverão incluir um aviso em destaque em seus produtos dizendo que eles não devem ser usados em mulheres pré ou pós-menopausa, ou em qualquer mulher com suspeita de ter câncer - em outras palavras, a maioria das que devem se sujeitar a uma cirurgia para remover miomas uterinos.

No dia seguinte, a Holdings HCA, o maior grupo hospitalar privado dos EUA, anunciou o banimento dos morceladores em suas instalações, uma decisão que abrange os hospitais do grupo no Reino Unido.

Assim, embora os morceladores ainda devam continuar aparecendo nas salas de cirurgia, eles serão usados com muito menos frequência.

Este caso não é isolado, sendo apenas o mais recente em uma série de alertas de segurança sobre equipamentos médicos aparentemente inócuos: o escândalo dos implantes de mama PIP e a quebra de implantes de quadris foram outros casos recentes.

Todos levantam a questão sobre se os sistemas legais para aprovação dos dispositivos médicos são realmente suficientes para garantir a segurança dos pacientes e ou se não haveria espaço para que eles fossem discutidos mais amplamente.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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