09/12/2021

Para reconquistar os radicais para a sociedade, mude o alvo de suas crenças

Redação do Diário da Saúde
Para reconquistar os radicais para a sociedade, mude o alvo de suas crenças
Inúmeras pesquisas vêm tentando traçar a "assinatura psicológica" das pessoas extremistas e radicais.[Imagem: OpenClipart-Vectors por Pixabay]

Verdadeiros crentes

O apoio a mensagens radicais e extremadas, de uma ponta à outra do espectro político, parece ser uma marca registrada deste início de século.

Psicólogos afirmam agora que uma estratégia eficaz para iniciar uma "desradicalização" pode ser levar os "verdadeiros crentes" a acreditarem em novos caminhos de pensamento, em vez de forçá-los a renunciar às suas ideias.

Isso porque os "verdadeiros crentes" que apresentam um comportamento extremo são movidos pelo grau em que sua identidade está fundida com uma causa ou crença.

Um "verdadeiro crente", segundo a definição da equipe, é uma pessoa que adere estritamente a uma crença específica, como uma religião, uma postura moral ou uma postura política.

Essa "aderência à crença" pode levar essas pessoas a dedicar suas vidas a uma causa benéfica, como lutar pelos direitos humanos ou dos animais, mas também pode levá-las a adotar um comportamento no espectro negativo, como apoiar líderes fascistas ou mesmo cometer atos terroristas.

Explicações para o comportamento extremo

Pesquisas anteriores identificaram três construtos que podem explicar o comportamento extremo: Valores sagrados, convicções morais e fusão de identidade.

"As pesquisas mostram que considerar um valor sagrado e, portanto, não estar aberto à negociação, prevê um comportamento extremo para esse valor. Por exemplo, se sua posição sobre o aborto não for negociável, você estaria mais disposto a lutar e morrer por essa causa.

"Da mesma forma, manter sua posição sobre uma questão como uma convicção moral, ou algo que você vê como universalmente moral, prevê um comportamento extremo em defesa dessa questão. Finalmente, se sua identidade está fundida com uma causa, você está mais disposto lutar e morrer por essa causa," detalha o professor François Martel, da Universidade do Texas em Austin (EUA).

Para reconquistar os radicais para a sociedade, mude o alvo de suas crenças
Outros estudos mostraram que uma participação mais ativa dos moderados pode ajudar a sociedade a sair do radicalismo.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Você lutaria e morreria por uma causa?

Usando esses construtos, os pesquisadores realizaram seis experimentos para ver qual variável, sozinha ou combinada, é mais preditiva de alguém se sacrificar por uma causa.

Eles mediram todos os três construtos (valores sagrados, convicções morais e fusão de identidade) em relação a duas causas: Direitos sobre possuir armas e direitos sobre o aborto. A medida final foi o endosso de lutar e morrer pela causa. Os experimentos foram feitos com participantes dos Estados Unidos e da Espanha.

Os resultados mostraram que todos os três construtos estão correlacionados com o endosso de lutar e morrer por uma causa, mas não no mesmo grau: Curiosamente, os valores sagrados foram os indicadores menos fortes, seguidos pelas convicções morais. A fusão de identidade com o valor foi o preditor mais poderoso.

"Ter sua identidade fundida com uma causa foi um indicador melhor da disposição para o autossacrifício por essa causa do que a sacralidade dos valores associados à causa ou se a causa representava uma convicção moral. Esse padrão surgiu quando avaliávamos a fusão das pessoas com suas posição sobre a causa do direito às armas (pró-arma ou anti-arma) ou a questão do aborto (pró-vida ou pró-escolha)," disse Martel.

O caminho para a desradicalização

Os resultados indicam que as pessoas que estão fortemente ligadas à sua causa e que percebem uma ameaça a ela podem se tornar radicalizadas.

A radicalização de um indivíduo altamente fusionado depende do alvo de suas crenças: Alguém que está fortemente ligado a certas crenças religiosas tem mais probabilidade de sacrificar a vida por sua causa do que alguém que está ligado a uma banda de música, por exemplo.

Ainda assim, os resultados dão pistas para ajudar na desradicalização dos extremistas.

"Esta pesquisa pode ser usada para desenvolver estratégias destinadas a identificar terroristas em potencial, extremistas políticos violentos ou outros radicais em potencial que estão prestes a se envolver em atos de violência que podem custar vidas," explicou Martel.

Já o caminho para a desradicalização não é simples. Para os indivíduos que estão fundidos com sua causa, a desradicalização significa renunciar a uma parte de seu eu pessoal. Ainda assim, os autores propõem uma estratégia que pode ser eficaz:

"Com base em nossa pesquisa, acreditamos que tirar os radicais da fusão com uma causa extremista rumo a uma causa benevolente pode transformá-los de uma força do mal em uma força do bem," escreveram os pesquisadores.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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