05/03/2021

Psicólogos revelam assinatura psicológica de pessoas extremistas e radicais

Redação do Diário da Saúde
Assinatura psicológica revela pessoas com tendências extremistas e dogmáticas
É incrivelmente fácil manipular opiniões políticas e, na verdade, a polarização política pode ser gerada pelo efeito "maria vai com as outras".
[Imagem: OpenClipart-Vectors por Pixabay]

Assinatura psicológica

Cientistas afirmam ter mapeado uma "assinatura psicológica" em pessoas predispostas a manter atitudes sociais, políticas ou religiosas extremas e apoiar a violência em nome da ideologia que defendem.

Isso sugere que uma mistura particular de traços de personalidade e cognição inconsciente - as formas como nosso cérebro recebe informações básicas - é um forte indicador de pontos de vista extremistas em uma série de crenças.

Essas características mentais incluem memória de trabalho mais pobre, tendências à impulsividade e à busca de sensações, além de "estratégias perceptivas" mais lentas - o processamento inconsciente de estímulos mutáveis, como forma e cor.

Esta combinação de atributos cognitivos e emocionais prediz o endosso da violência em apoio ao grupo ideológico com que a pessoa se identifica - seja política ou religiosa, por exemplo.

Conservadorismo e dogmatismo

O estudo também mapeou especificamente as assinaturas psicológicas que sustentam o conservadorismo político feroz, bem como o dogmatismo: Pessoas que têm uma visão de mundo fixa e são resistentes a evidências.

Os psicólogos descobriram que o conservadorismo está ligado à cautela cognitiva: Uma tomada de decisão inconsciente lenta e precisa, em comparação com as estratégias perceptivas rápidas e imprecisas encontradas em pessoas mais liberais.

Os cérebros de pessoas mais dogmáticas são mais lentos para processar evidências perceptivas, mas são mais impulsivos em termos de personalidade.

A assinatura mental do extremismo generalizado é uma mistura de assinaturas psicológicas conservadoras e dogmáticas.

Ações contra a radicalização

A equipe da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirma que, embora ainda esteja nos estágios iniciais, essa pesquisa pode ajudar a identificar e apoiar melhor as pessoas mais vulneráveis à radicalização em todo o espectro político e religioso.

As abordagens à política de radicalização baseiam-se principalmente em informações demográficas básicas, como idade, raça e gênero. Ao adicionar avaliações cognitivas e de personalidade, os psicólogos criaram um modelo estatístico que é entre quatro e quinze vezes mais poderoso para prever visões de mundo ideológicas do que apenas a demografia.

"Ao examinar a cognição emocional 'quente', juntamente com a cognição inconsciente 'fria' do processamento de informações básicas, podemos ver uma assinatura psicológica para aqueles que correm o risco de se envolver com uma ideologia de forma extrema," disse o professor Leor Zmigrod. "Dificuldades sutis com processamento mental complexo podem subconscientemente empurrar as pessoas para doutrinas extremas que fornecem explicações mais claras e definidas do mundo, tornando-as suscetíveis a formas tóxicas de ideologias dogmáticas e autoritárias."

Checagem com artigo científico:

Artigo: The cognitive and perceptual correlates of ideological attitudes: a data-driven approach
Autores: Leor Zmigrod, Ian W. Eisenberg, Patrick G. Bissett, Trevor W. Robbins, Russell A. Poldrack
Publicação: Philosophical Transactions of the Royal Society B
DOI: 10.1098/rstb.2020.0424
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