17/10/2023

Imagens médicas falham em peles escuras, mas correção está a caminho

Redação do Diário da Saúde
Imagens médicas falham em peles escuras, mas correção está a caminho
Comparação do mesmo participante de pele escura mostra que uma imagem feita com métodos convencionais (embaixo) está desordenada, enquanto a nova técnica de imagem (em cima) torna as artérias mais fáceis de detectar.
[Imagem: Johns Hopkins University/Universidade de São Paulo]

Viés nas imagens médicas

O viés da ciência e da medicina em estudar principalmente pessoas brancas no hemisfério norte tem muitos efeitos colaterais com consequências lastimáveis para pessoas de outras etnias.

Pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e Johns Hopkins (EUA) se concentraram em um desses efeitos: O fato de que aparelhos essenciais para monitoramento da saúde não funcionam tão bem em pessoas de pele morena ou negra.

A boa notícia é que a equipe conseguiu desenvolver uma técnica para minimizar ou até zerar essa discrepância.

"Quando você está fazendo imagens através da pele com luz, é como se houvesse um elefante na sala: Existem vieses e desafios importantes para pessoas com pele mais escura em comparação com aquelas com tons de pele mais claros," disse Muyinatu Bell, membro da equipe. "Nosso trabalho demonstra que a tecnologia de imagem equitativa é possível."

Imagens médicas falham em peles escuras, mas correção está a caminho
Comparação de imagens fotoacústicas de dois voluntários, onde a imagem através da pele mais escura mostra mais interferência de sinal obscurecendo as artérias do que através da pele clara.
[Imagem: Johns Hopkins University/Universidade de São Paulo]

Correção

A equipe criou um novo algoritmo para processar as informações das imagens fotoacústicas, um método que combina ultrassom e ondas de luz para renderizar imagens médicas.

O tecido corporal que absorve essa luz se expande, produzindo ondas sonoras sutis, que os dispositivos de ultrassom transformam em imagens de vasos sanguíneos, tumores e outras estruturas internas. Mas, em pessoas com tons de pele mais escuros, a melanina absorve mais dessa luz, o que produz sinais confusos ou cheios de ruído para os aparelhos de ultrassom.

O novo algoritmo filtra os sinais indesejados das imagens de pele mais escura, operando de modo similar ao que os filtros das câmeras digitais usam para tirar manchas e borrões. O resultado são detalhes mais precisos sobre a localização e a presença das estruturas biológicas internas.

Os pesquisadores agora estão trabalhando para aplicar seus cálculos à imagiologia do câncer de mama, uma vez que os vasos sanguíneos podem acumular-se dentro e em volta dos tumores, mas as imagens hoje não mostram detalhes disso quando a paciente tem tom de pele mais escuro.

"Nosso objetivo é mitigar e, idealmente, eliminar o viés nas tecnologias de imagem, considerando uma diversidade maior de pessoas, sejam tons de pele, densidades mamárias, índices de massa corporal - estes são atualmente valores discrepantes para técnicas de imagem padrão," disse Bell. "Nosso objetivo é maximizar as capacidades dos nossos sistemas de imagem para uma gama mais ampla de nossa população de pacientes."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Mitigating skin tone bias in linear array in vivo photoacoustic imaging with short-lag spatial coherence beamforming
Autores: Guilherme S.P. Fernandes, João H. Uliana, Luciano Bachmann, Antonio A.O. Carneiro, Muyinatu A. Lediju Bell, Theo Z. Pavan
Publicação: Photoacoustics
DOI: 10.1016/j.pacs.2023.100555
Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Exames

Equipamentos Médicos

Cuidados com a Pele

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.