05/04/2022

Dados de saúde de aparelhos portáteis dependem da cor da pele

Redação do Diário da Saúde
Dados de saúde de aparelhos portáteis dependem da cor da pele
A tecnologia está sendo desenvolvida e testada usando primariamente pessoas de pele clara, invalidando seus resultados para outras populações.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Monitores pessoais de saúde

Os consumidores estão usando cada vez mais relógios inteligentes e outros dispositivos vestíveis para medir sua frequência cardíaca e respiratória durante os exercícios físicos e para monitoramento geral da saúde.

No entanto, essas medições podem ser menos precisas em pessoas com tons de pele mais escuros.

Esta conclusão está baseada em uma revisão sistemática de 10 estudos científicos publicados, envolvendo um total de 469 participantes. Esta é a primeira vez que pesquisadores juntam dados de vários estudos para examinar especificamente como o tom da pele pode afetar a precisão dos dados cardíacos em equipamentos de monitoramento pessoal.

"As pessoas precisam estar cientes de que existem algumas limitações para pessoas com tons de pele mais escuros ao usar esses dispositivos, e os resultados devem ser tomados com cautela.

"Os algoritmos são frequentemente desenvolvidos em populações brancas homogêneas, o que pode levar a resultados que não são tão generalizáveis quanto gostaríamos. Pesquisa e desenvolvimento em andamento desses dispositivos devem enfatizar a inclusão de populações de todos os tons de pele para que os algoritmos desenvolvidos possam acomodar melhor as variações na absorção inata de luz pela pele," disse o professor Daniel Koerber, da Universidade de Alberta (Canadá). "

Imprecisão em pele escura

Após fazer uma triagem de 622 artigos científicos, os pesquisadores identificaram 10 estudos que relataram dados de frequência cardíaca e ritmo para a tecnologia de vestir informando a raça ou tom de pele dos participantes.

Desses estudos, quatro mostraram que as medições da frequência cardíaca eram significativamente menos precisas nos indivíduos de pele mais escura, em comparação com indivíduos de pele mais clara. O mesmo resultado se repetiu quando as medições foram feitas nos indivíduos de pele mais escura pelos aparelhos de vestir e por aparelhos credenciados, como monitores de cinta torácica ou eletrocardiogramas.

Um dos estudos relatou que, embora não houvesse diferença na precisão da frequência cardíaca, os dispositivos vestíveis registraram significativamente menos pontos de dados nas pessoas com pele mais escura.

Por que a diferença?

A maioria dos aparelhos de vestir detecta a frequência e o ritmo cardíacos direcionando um feixe de luz para o pulso e, em seguida, detectando a quantidade de luz absorvida. Uma maior absorção de luz indica um maior volume de sangue fluindo pelas veias sob a pele.

Os resultados do estudo sugerem que esse processo de sinalização pode não funcionar tão bem em peles mais escuras, que contêm mais melanina, que absorve a luz.

Isso destaca a importância de garantir que a tecnologia atenda às necessidades de diversas populações, especialmente quando se destina a melhorar a saúde, já que as pessoas de pele mais escura comprarão os aparelhos e confiarão em seus resultados.

Outros comparativos recentes já haviam relatado que outros aparelhos, como os oxímetros de pulso usados para medir a quantidade de oxigênio no sangue, também não funcionam tão bem para indivíduos com tons de pele mais escuros, o que pode levar a sérias consequências à saúde se os problemas não forem detectados porque os aparelhos não funcionam corretamente.

"É importante explorar opções alternativas para garantir que possamos criar uma solução mais equitativa na área da saúde, e não apenas na indústria de consumo", disse Koerber. "Por exemplo, há algumas evidências que sugerem que certos comprimentos de onda de luz, particularmente a luz verde, são mais precisos em pessoas em todos os tons de pele."

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