Definição de depressão
A depressão é normalmente encarada como uma desordem médica bem definida, como o sarampo - ou uma pessoa tem ou não tem sarampo. Assim, o diagnóstico da depressão é geralmente seguido opções de tratamento padronizadas.
Contudo, ao contrário dos distúrbios físicos, para os quais exames de sangue ou outros testes objetivos permitem um diagnóstico confiável, não existem medidas desse tipo para determinar se alguém está deprimido.
Em vez disso, terapeutas e pesquisadores questionam os pacientes sobre sintomas que são indicativos de depressão, como tristeza, ideação suicida e problemas de sono. Se uma pessoa tem muitos sintomas de depressão, ela é considerada deprimida.
Escalas de diagnóstico da depressão
O grande problema com essa forma de lidar com a depressão é que as escalas de avaliação utilizadas pelos profissionais de saúde e pelos pesquisadores para diagnosticar a depressão - geralmente chamadas de "escalas-padrão" - diferem largamente nos sintomas indicativos, o que significa que uma pessoa poderá ser diagnosticada com depressão se o médico que ela consultar usar uma escala, e não receber o diagnóstico se procurar uma segunda opinião de outro profissional que use outra escala.
A constatação foi feita pela equipe do Dr. Eiko Fried, da Universidade de Amsterdam (Holanda), que comparou as 7 escalas de diagnóstico da depressão mais comumente utilizadas pelos profissionais de saúde.
Isso talvez explique por que todas as tentativas de criação de tratamentos padronizados contra a depressão - que possam ser aplicados a todos os pacientes - têm-se mostrado tão ineficazes.
Sintomas de depressão
Os pesquisadores constataram que as escalas de avaliação da depressão mostram uma larga variação nos sintomas, muitos deles aparecendo em apenas uma ou poucas escalas. Além disso, juntos eles representam um total de 52 diferentes sintomas de depressão, que variam da tristeza, falta de interesse e ideação suicida, até problemas genitais, irritabilidade e ansiedade.
Por exemplo, a Escala Hamilton de Avaliação da Depressão contém 17 sintomas de depressão predominantemente físicos, como paralisia, perda de peso e retardo psicomotor. Outra, chamada Inventário de Depressão de Beck, inclui 21 sintomas principalmente cognitivo-afetivos, como sentimentos de inutilidade, culpa e auto-aversão.
Como cada escala é desenvolvida por pesquisadores depois de anos de estudos sobre a doença, essa variação destaca a marcante heterogeneidade da depressão, uma doença principalmente vista como uma síndrome consistente, disse Fried.
"Normalmente se acredita que pacientes diagnosticados com depressão tenham tipos semelhantes de problemas e, portanto, recebem um tratamento muito semelhante. No entanto, o fato de que 7 escalas de avaliação comuns da depressão contêm mais de 50 sintomas diferentes mostra como pacientes deprimidos podem ser surpreendentemente diferentes em termos dos problemas que vivenciam. Isto parece indicar a necessidade de tratamentos mais personalizados e pode explicar porque as atuais soluções 'tamanho único', como antidepressivos, apresentam tão pouca eficácia," disse Fried.
Estudos com resultado predeterminado
O pesquisador acredita que suas descobertas também podem representar um grande problema para as pesquisas científicas sobre a depressão porque o tipo de escala utilizada pelos pesquisadores em cada caso pode determinar o resultado de um estudo científico.
"Por exemplo, imagine que você é um pesquisador e quer estudar a estrutura cerebral de pacientes deprimidos. Isso geralmente é feito aplicando uma escala de depressão específica a um grande grupo de pessoas e, se essas pessoas têm um certo número de sintomas, elas são descritas no estudo como deprimidas," explicou Fried. Dependendo da escala utilizada, voluntários poderão ser considerados deprimidos ou não, influenciando no resultado do estudo.
Os resultados foram publicados na última edição do Journal of Affective Disorders.
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