Diferença entre cognição e computação
Se você acha que a inteligência artificial logo poderá superar os terapeutas e psicólogos, é melhor reavaliar suas expectativas.
Crianças com menos de um ano de idade - sem nenhum treinamento, obviamente - conseguiram identificar melhor as motivações de outras pessoas do que o mais moderno dos programas de inteligência artificial.
Além de mostrar que existem diferenças fundamentais entre cognição e computação, os pesquisadores apontam as deficiências nas tecnologias atuais, mas também sugerem onde se pode fazer melhorias para que a IA possa no futuro replicar de forma mais completa o comportamento humano.
"Adultos e até bebês podem facilmente fazer inferências confiáveis sobre o que impulsiona as ações de outras pessoas," disse a professora Moira Dillon, da Universidade de Nova York. "A IA atual tem dificuldades em fazer essas inferências."
Bebês versus IA
Os pesquisadores conduziram uma série de experimentos com bebês de 11 meses de idade e compararam suas respostas com as produzidas por modelos de rede neural baseados em aprendizado de máquina de última geração. Para isso, eles usaram formas geométricas animadas movendo-se em uma tela e executando ações em diferentes situações.
Os bebês reconheceram motivações semelhantes às humanas, mesmo nas ações simplificadas das formas animadas. Eles previram quando essas ações eram motivadas por objetivos ocultos, mas consistentes - por exemplo, a recuperação na tela do mesmo objeto, independentemente do local em que ele estivesse, e o movimento dessas figuras da maneira esperada, mesmo quando o ambiente ao redor mudava.
Os bebês demonstram essa capacidade de previsão por meio de sua observação mais longa de eventos que violam suas previsões - uma medida comum e usada há décadas para avaliar a natureza do conhecimento dos bebês.
Os programas de inteligência artificial não demonstraram nenhuma evidência de compreensão das motivações subjacentes a tais ações, revelando que eles não conseguem captar os princípios fundamentais da psicologia do senso comum, algo que os bebês possuem naturalmente.
"O conhecimento fundamental de uma criança humana é limitado, abstrato e reflete nossa herança evolucionária, mas pode acomodar qualquer contexto ou cultura em que essa criança possa viver e aprender," observou Dillon.
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