20/03/2014

Como dizer a uma mãe que seu filho tem câncer?

Com informações de Marcela Baggini/USP

Comunicação adequada

Dar a má notícia às mães de crianças com câncer pode ser difícil para todos, e a postura do médico é crucial nesse momento.

A escolha das palavras e do local para dar a notícia interfere tanto na compreensão da família e do paciente sobre a doença quanto na satisfação com o atendimento médico.

Esta é a conclusão de Talitha Bordini de Mello, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da USP.

Segundo ela, o estudo pode "auxiliar os profissionais da saúde a ter uma comunicação mais adequada com seus pacientes e familiares, e também que as instituições formadoras tomem para si a responsabilidade da capacitação em habilidades de comunicação com o paciente e seus familiares."

"A notícia de uma verdade desfavorável, quando realizada com habilidade e sensibilidade, reduz consideravelmente o impacto negativo da informação", detalha Talitha.

Privacidade

Para a pesquisadora, inúmeros estudos identificaram que queixas de mães, na maioria das vezes, é a de que a comunicação de uma notícia difícil acontece em salas com pouco conforto e sem privacidade.

"Observa-se a ocorrência da comunicação nos corredores, próxima a outros profissionais e até de pessoas desconhecidas da família. Isso gera constrangimento", relata Talitha.

Os resultados apontam que as mães sentem muita dificuldade no momento em que recebem o diagnóstico, devido ao pouco conhecimento sobre a doença. "É como se fosse uma sentença de morte para o meu filho", relatou uma das mães.

Com toda carga emocional envolvida no momento da comunicação do diagnóstico, algumas disseram que jamais se esqueceram daquele momento.

A pesquisadora lembra que a notícia deve ser dada para as crianças pelos pais, por serem pessoas de confiança: "Quando eles preferem não contar, a criança fica sabendo por terceiros e, assim, elas guardam essa informação, não compartilham seus sentimentos e criam uma ideia totalmente diferente da doença."

Protocolo Spikes

Para dar a "árdua notícia", os médicos contam com o apoio do protocolo SPIKES - um passo a passo de orientação de como dar a notícia, mas ainda pouco utilizado no Brasil.

O protocolo aborda outros aspectos como indispensáveis no processo de comunicação: o ambiente deve ser privado; deve-se evitar falar das dificuldades do tratamento; identificar o quanto o paciente quer saber sobre a patologia e trocar os termos médicos por linguagem clara e objetiva.

"Além disso, é necessário repetir as informações diversas vezes e, depois de cada encontro, fazer um resumo sobre tudo o que foi conversado para facilitar o entendimento da situação," explica Talitha.

Atualmente, os casos de câncer infantil vêm crescendo 1% ao ano. Na faixa etária entre cinco e 19 anos, o câncer é a maior causa de morte, porém, no Brasil, a taxa de cura chega a aproximadamente 70%.

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Câncer

Atendimento Médico-Hospitalar

Relacionamentos

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.