11/05/2021

Como a literatura pode melhorar nossas vidas

Redação do Diário da Saúde
Como a literatura pode melhorar nossas vidas
Embora os livros de autoajuda superem os antidepressivos no tratamento da depressão, outras análises mostram que os livros falam cada vez menos de emoções.
[Imagem: Pexels/Pixabay]

Literatura e cérebro

Se você quer realmente entender a literatura, não comece com palavras em uma página - comece com como os textos de que você gosta afetam seu cérebro.

Esta é a mensagem do Dr. Angus Fletcher, professor formado em literatura e neurociência, cuja pesquisa traça uma maneira diferente de ler e pensar sobre histórias, da literatura clássica à ficção popular, filmes e programas de TV.

A literatura não foi inventada apenas como entretenimento ou como uma forma de enviar mensagens aos leitores, ressalta Fletcher, que é professor da Universidade do Estado de Ohio (EUA).

"As estórias são na verdade uma forma de tecnologia. São ferramentas projetadas por nossos ancestrais para aliviar a depressão, reduzir a ansiedade, despertar a criatividade, despertar a coragem e enfrentar uma variedade de outros desafios psicológicos do ser humano," disse o pesquisador. "E, mesmo que isto não seja ensinado nas aulas de literatura hoje, ainda podemos encontrar e usar essas ferramentas emocionais nas histórias que lemos."

Literatura e neurociência

Fletcher explica sua teoria com alguns casos práticos.

Por exemplo, na luta contra a solidão, a leitura de O Poderoso Chefão, de Mario Puzo, pode ajudar. Mas se você está mais interessado em criatividade, ele destaca as virtudes de Alice no País das Maravilhas e do Ursinho Pooh.

E ele não ignora os clássicos: A leitura de Shakespeare pode nos ajudar a curar a dor, Virginia Woolf pode ajudar os leitores a encontrar paz de espírito e Homer pode ajudar aqueles que precisam de coragem.

O professor Fletcher reconhece que sua formação em neurociência influencia muito sua abordagem da literatura.

"Quando você lê um poema ou história favorita, você pode sentir alegria, uma sensação de empatia ou conexão. Uma das coisas que faço é fornecer a validação científica para as coisas que sentimos há muito tempo quando lemos livros ou assistimos a filmes ou programas de TV que amamos.

"Com base na minha formação em neurociência e nos estudos que fiz, posso ver como as invenções da literatura se conectam a diferentes regiões do nosso cérebro, para nos tornar menos solitários ou nos ajudar a construir nossa coragem ou fazer uma variedade de outras coisas para nos ajudar. Cada história é diferente e é, na verdade, uma ferramenta diferente," disse ele.

Como ensinar literatura

O método tradicional de ensino de literatura concentra-se nas palavras, pedindo aos alunos que procurem temas, considerem o que o autor pretendia dizer e significar.

"Nós invertemos esse processo. Em vez de olhar para as palavras primeiro, olhamos primeiro para o que está acontecendo em sua mente. Como essa história faz você se sentir? Vemos como as pessoas estão respondendo aos personagens, ao enredo, ao mundo que o autor criou," propõe Fletcher.

Depois de examinar como a história o faz sentir, a segunda parte do processo é rastrear esse sentimento até alguma invenção da história, seja o enredo, um personagem, o narrador ou o mundo da história.

Os temas da história, ou o que o autor quer dizer, são menos importantes nesta abordagem da literatura. Isso significa que, quando você está procurando um livro para estimular sua coragem, não precisa procurar um livro que tenha "coragem" no título ou mesmo como um de seus temas de acordo com a análise da literatura tradicional.

"A coragem vem da leitura de uma obra literária que nos faz sentir como se estivéssemos participando de algo maior do que nós mesmos. Não é preciso falar da coragem ou ter coragem como um de seus temas. Isso não é relevante," ressalta o pesquisador.

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