16/08/2023

Descoberta por acaso, bactéria evita transmissão da malária

Com informações da BBC
Descoberta por acaso, bactéria evita transmissão da malária
A bactéria pode ser dada aos mosquitos pela alimentação ou pelo contato.
[Imagem: Wei Huang et al. - 10.1126/science.adf8141]

Bactéria contra malária

Cientistas descobriram por acaso uma cepa natural de bactéria que, ao infectar os pernilongos, reduz drasticamente a transmissão da malária dos mosquitos para os humanos.

Os cientistas da Universidade Johns Hopkins (EUA) e da farmacêutica GSK (Espanha) fizeram a descoberta depois de perceber que uma colônia de mosquitos usada para o desenvolvimento de medicamentos havia parado de transmitir a malária.

"A taxa de infecção dos mosquitos começou a diminuir e, no final do ano, os mosquitos simplesmente não estavam infectados com o parasita da malária," conta a Dra. Janneth Rodrigues, que liderou a pesquisa.

A equipe então congelou as amostras até concluir os experimentos que estavam realizando, e então voltaram a elas dois anos depois, para explorar o que havia acontecido.

Os estudos revelaram que uma cepa específica de bactéria, chamada TC1, que está naturalmente presente no meio ambiente, interrompeu o desenvolvimento dos parasitas da malária no intestino dos mosquitos.

"Uma vez que coloniza o mosquito, ela dura toda a vida," disse a Dra. Janneth. "E descobrimos que, sim, é a bactéria a responsável por reduzir a transmissão nesses mosquitos."

Os dados, publicados agora na revista Science, indicam que a bactéria pode reduzir a carga parasitária de um mosquito em até 73%.

Composto ativo contra malária

A bactéria desempenha seu papel contra a malária secretando uma pequena molécula, conhecida como harmano, que inibe os estágios iniciais do crescimento do parasita da malária no intestino do mosquito.

Os cientistas descobriram que o harmano pode ser ingerido oralmente pelo mosquito, se misturado com açúcar, ou absorvido através de sua cutícula por contato.

Isso abre a possibilidade de tratar com o composto ativo as superfícies onde os insetos descansam, o que poderia ser feito com um spray comum.

Testes para avaliar essa possibilidade e a segurança de sua aplicação no mundo real já estão em andamento.

A malária mata cerca de 620.000 pessoas por ano, com alta incidência em crianças com menos de cinco anos de idade. Existem algumas vacinas nos estágios iniciais de testes na África.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Delftia tsuruhatensis TC1 symbiont suppresses malaria transmission by anopheline mosquitoes
Autores: Wei Huang, Janneth Rodrigues, Etienne Bilgo, José R. Tormo, Joseph D. Challenger, Cristina De Cozar-Gallardo, Ignacio Pérez-Victoria, Fernando Reyes, Pablo Castañeda-Casado, Edounou Jacques Gnambani, Domonbabele François de Sales Hien, Maurice Konkobo, Beatriz Urones, Isabelle Coppens, Alfonso Mendoza-Losana, Lluís Ballell, Abdoulaye Diabate, Thomas S. Churcher, Marcelo Jacobs-Lorena
Publicação: Science
Vol.: 381, Issue 6657 pp. 533-540
DOI: 10.1126/science.adf8141
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