02/07/2018

Frentes frias aumentam mortalidade por AVC, principalmente entre mulheres

Com informações da USP
Frentes frias aumentam mortalidade por AVC, principalmente entre mulheres
"Verificamos também que, para todos os casos de AVC, e para o AVC hemorrágico em particular, o sexo mais vulnerável é o feminino."
[Imagem: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas]

Cuidado com o frio

Não são apenas os ataques cardíacos que aumentam nos dias mais frios do inverno.

As frentes frias podem aumentar também a mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC).

Essa associação entre a queda da temperatura e o aumento na incidência de AVC foi demonstrada em um estudo que envolveu dados de mortalidade e dados de estações meteorológicas na cidade de São Paulo durante 10 anos.

Entre os idosos, a incidência de AVC associado a quedas na temperatura média é maior entre as mulheres, relataram os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Católica de Santos (Unisantos).

Frio e AVC

Foram registrados 55.633 casos de mortalidade por AVC na cidade de São Paulo entre 2002 e 2011. O estudo utilizou a temperatura média, em vez de mínima e máxima, por ser uma média de várias observações no mesmo dia e servir como boa estimativa de exposição ao calor ou ao frio, segundo os pesquisadores. A temperatura média mensal do ar na cidade de São Paulo entre 2002 e 2011 foi de 21 ºC, variando de 15 ºC a 25 ºC, dependendo da estação do ano.

O risco relativo para a ocorrência de AVC (isquêmico e hemorrágico) foi maior quando a temperatura média era menor, abaixo dos 15 ºC. Entre as pessoas acima dos 65 anos de idade, as temperaturas médias mais baixas representaram maior risco de AVC hemorrágico para as mulheres, um resultado que surpreendeu os pesquisadores.

"No início do estudo, achávamos que quando houvesse uma variabilidade acentuada de temperaturas, tanto para o frio quanto para o calor, os resultados seriam semelhantes para os dois subtipos de AVC. Ou seja, nos dias de muito frio ou de muito calor haveria mais mortes de ambos os subtipos. Não foi o que ocorreu. No caso do AVC hemorrágico, o frio é um fator muito mais importante, especialmente entre as mulheres," disse a pesquisadora Priscilla Venâncio Ikefuti.

Uma explicação para o fato de o AVC ser mais comum entre os idosos é a diminuição do metabolismo na terceira idade. Os idosos têm menor capacidade de manter a homeostase - regulação do metabolismo para manter constantes as condições fisiológicas necessárias à vida - diante de mudanças nas temperaturas.

"Verificamos também que, para todos os casos de AVC, e para o AVC hemorrágico em particular, o sexo mais vulnerável é o feminino. Os dados mostram que as mulheres têm, mesmo que ligeiramente, mais alta mortalidade média por AVC. O risco relativo do acidente, calculado para as variações da temperatura média, também foi maior entre mulheres do que em homens. De forma similar, as temperaturas médias mais baixas causaram maior impacto em mulheres, em ambos os subtipos de AVC", disse Ikefuti.

Segundo os pesquisadores, o estresse pelo frio resulta em elevação da pressão arterial, aumento na viscosidade do sangue e na contagem de plaquetas, o que eleva a pressão arterial podendo causar um AVC hemorrágico.

Maior risco de AVC nas mulheres

Os pesquisadores destacam que uma questão importante para explicar o maior risco de AVC entre as mulheres está na menopausa, quando o corpo diminui a produção do hormônio estrogênio, o que a deixa sujeita a um maior risco de doenças vasculares.

"Nosso estudo contribui para a compreensão do impacto da temperatura sobre a mortalidade por AVC em um país tropical, onde a temperatura não seria, supostamente, um fator de preocupação para risco de AVC. O trabalho comprovou que, pelo menos na cidade de São Paulo, este não é o caso", disse o médico Alfésio Luís Braga, coautor da pesquisa.

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