Pesquisadores da Unicamp desenvolveram uma técnica para industrializar duas frutas brasileiras, abrindo o caminho para a popularização de seu consumo.
O pequi e o babaçu, ricos em propriedades nutricionais e com potencial para a prevenção de diversas doenças, estão incorporados na alimentação cotidiana da população do cerrado brasileiro.
Mas, devido à sazonalidade, são consumidos apenas no período de suas frutificações, que variam, em média, de 4 a 5 meses ao ano. E dificilmente chegam às regiões distantes das áreas de produção
Pequi e babaçu em pó
Audirene Amorim Santana e Kil Jin Park agora desenvolveram uma tecnologia para o aproveitamento posterior destes frutos, sem perda relevante de suas propriedades nutricionais.
O resultado veio na forma de pós, em que a polpa do pequi e o leite do babaçu mantêm uma média de 80% de suas propriedades nutricionais originais.
Mantidos em recipientes fechados e em local seco e arejado, os produtos em pó podem ser consumidos por um período de até quatro meses.
A engenheira de alimentos informa que o pequi e o babaçu possuem ação antioxidante natural, benéfica para a saúde. A partir dos seus frutos podem ser produzidos alimentos capazes de retardar a formação de radicais livres no organismo, responsáveis pelo envelhecimento precoce e doenças degenerativas.
Pequi
Porte médio, casca verde, poupa amarelada e caroço com espinhos, o pequi é rico em óleos, proteínas, fibras, minerais (zinco, cobre e fósforo) e carotenoides.
O fruto é também considerado fonte potencial de vitamina A, essencial para a garantia de funções básicas ao organismo, como visão, desenvolvimento ósseo e do tecido epitelial, além de benefícios aos processos imunológicos e reprodutivos.
"Na região do cerrado, a poupa do fruto do pequizeiro é muito empregada na elaboração de diferentes pratos, como arroz, feijão, frango e cuscuz. A amêndoa é utilizada como ingrediente de farofas, doces, paçocas e também consumida salgada como petisco. Aqui em São Paulo, por exemplo, o pequi pode substituir o uso do açafrão", exemplifica Audirene.
O óleo é considerado de excelente qualidade, constituído sobretudo por ácidos graxos insaturados. "Por se tratar de um fruto de fácil produção e com características desejáveis em relação ao sabor e valor nutritivo, o pequi pode representar uma fonte potencial na alimentação e sobrevivência de uma parcela significativa da população", estima a pesquisadora.
Babaçu
Já o leite de babaçu é muito parecido com o leite de coco, produzido industrialmente em todo o país.
O leite do babaçu, também conhecido como coco de macaco, é feito de forma artesanal, principalmente no Nordeste, sendo usado na culinária como aromatizante em bebidas e sorvetes.
"O fruto possui, no entanto, um grande potencial inexplorado na alimentação devido ao seu sabor agradável e valor nutricional", conta Audirene.
O babaçu é rico em óleo e fibras. Seu principal nutriente é o ácido láurico, substância com propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias. A amêndoa é muito cultivada no Maranhão, Piauí e Tocantins.
A região Nordeste possui uma área de cerca de 18 milhões de hectares plantados com babaçu. Mensalmente, são extraídas em torno de 140 mil toneladas de amêndoas destes babaçuais, atividade que gera mais de 300 mil empregos.
A pesquisadora afirma que, com incentivos governamentais, a tecnologia poderá ser adotada para beneficiar não apenas a saúde da população de todo o país, e mesmo para exportação, mas também como uma política social, valorizando as comunidades produtoras de pequi e babaçu.
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