15/04/2019

Biossensor detecta glúten na dieta de celíacos

Com informações da Agência Fapesp
Biossensor detecta glúten na dieta de celíacos
Esquema de funcionamento e plataforma de teste do biossensor que detecta ingestão de glúten por exame de urina.
[Imagem: ICN2]

Sensor de glúten na dieta

Pesquisadores espanhóis desenvolveram um sensor que muda de cor para indicar se uma pessoa ingeriu glúten, mesmo em quantidades irrisórias.

"O sensor pode ser especialmente útil para monitorar a dieta de crianças com doença celíaca, cujos pais não conseguem ter controle sobre o que comem fora de casa. Com apenas algumas gotas de urina, o dispositivo é capaz de detectar rapidamente se a pessoa ingeriu a proteína em um determinado dia. Desse modo, é possível evitar consumir novamente o alimento suspeito de ter sido a fonte do nutriente," explicou a professora Laura Lechuga, do Instituto Catalão de Nanociência e Nanotecnologia (ICN2).

Inspirado no modo de funcionamento dos exames de gravidez, o biossensor é baseado no princípio de ressonância de plásmons de superfície (SPR, na sigla em inglês). Por esse método, a quantificação da substância de interesse é feita por medidas do índice de refração (desvio angular da luz), quantidade de luz absorvida, propriedades fluorescentes das moléculas analisadas ou meio de transdução químico-óptico - que "traduz" o sinal químico em óptico.

Graças ao detector óptico, o dispositivo é capaz de identificar e quantificar o peptídeo 33-mer α-2-gliadina, considerado o mais reativo do glúten. "Um dos subprodutos resultantes do metabolismo do glúten é esse peptídeo resistente ao processo de digestão e detectável na urina e nas fezes", explicou Lechuga durante evento em São Paulo promovido pela Fapesp.

As pessoas com doença celíaca enfrentam o desafio de assegurar que suas dietas sejam totalmente isentas de glúten, proteína presente em cereais como trigo, centeio, cevada e malte. Isso porque, além de o nutriente integrar várias matrizes de alimentos, em diferentes formas e proporções, mesmo os produtos declarados livres de glúten podem apresentar contaminação cruzada e provocar reações no organismo. Por isso, um exame rápido que possa indicar alguma ingestão não intencional pode ajudar os pacientes a identificar alimentos suspeitos.

Rumo às farmácias

A intenção da equipe é que o biossensor óptico de glúten possa chegar às farmácias o mais rapidamente possível.

Alguns outros biossensores desenvolvidos pela equipe deverão chegar em breve ao mercado por meio de empresas fabricantes de equipamentos e dispositivos médicos. Um deles é um biossensor para monitorar a dose de anticoagulante usada por pacientes com doenças cardiovasculares ou trombose.

Também baseado no método SPR, o dispositivo é composto por nanoestruturas de ouro que detectam, a partir de uma amostra de sangue, se a dose do medicamento anticoagulante consumida pelo paciente é a adequada. Se estiver baixa, por exemplo, o paciente corre o risco de coagulação do sangue; se estiver muito acima do limite recomendado, pode desencadear hemorragias internas.

"Já conversamos com algumas empresas multinacionais que se interessaram em produzir e comercializar o dispositivo, que funciona como um teste de glicose usado por diabéticos," comparou Lechuga.

Outros biossensores desenvolvidos pelos pesquisadores nos últimos anos são voltados para detecção precoce de câncer de pulmão e de ovário, além de dispositivos para analisar a contaminação de água.

"Uma das vantagens dos biossensores ópticos, como os que temos desenvolvido, é que eles são muito mais sensíveis do que os fotônicos e os eletroquímicos. Esses dispositivos são capazes de detectar compostos de interesse em baixíssimas quantidades de amostras de materiais, como células", explicou Lechuga.

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