05/05/2021

Descobertos quatro tipos diferentes de Alzheimer

Redação do Diário da Saúde
Descobertos quatro tipos diferentes de Alzheimer
Segundo outra pesquisa recente, Alzheimer, Parkinson e outras doenças neurodegenerativas acontecem em 2 fases.
[Imagem: Jacob W. Vogel et al. - 10.1038/s41591-021-01309-6]

Proteína tau

Depois de muitas pesquisas envolvendo as proteínas amiloides, hoje a comunidade científica tem mudado para um consenso de que a doença de Alzheimer é caracterizada pelo acúmulo e disseminação anormais da proteína tau no cérebro.

E um estudo internacional demonstrou agora que a proteína tau não se espalha da mesma maneira nos cérebros de todos os pacientes: Na verdade, a tau se espalha de acordo com quatro padrões distintos.

Em outras palavras, há quatro diferentes conjuntos de sintomas e diferentes prognósticos para os pacientes afetados segundo cada padrão.

"Isso sugere que o Alzheimer é uma doença ainda mais heterogênea do que se pensava. Agora temos motivos para reavaliar o conceito de Alzheimer típico e, a longo prazo, também os métodos que usamos para avaliar a progressão da doença," disse o professor Jacob Vogel, da Universidade McGill (Canadá).

Variantes do Alzheimer

Nos últimos trinta anos, muitos pesquisadores descreveram o desenvolvimento da patologia tau no Alzheimer usando um único modelo, apesar de casos recorrentes que não se enquadram nesse modelo.

No entanto, estes novos resultados explicam por que pacientes diferentes podem desenvolver sintomas diferentes.

"Nós identificamos quatro padrões claros de patologia tau que se tornaram distintos ao longo do tempo. A prevalência dos subgrupos variou entre 18 e 30 por cento, o que significa que todas essas variantes do Alzheimer são, na verdade, bastante comuns, e nenhuma delas domina como pensávamos anteriormente," acrescentou o pesquisador Oskar Hansson.

Veja a seguir as novas caracterizações do Alzheimer segundo a disseminação da proteína tau no cérebro:

  • Variante um: A proteína tau se espalha principalmente dentro do lobo temporal e afeta principalmente a memória. A variante um ocorreu em 33% de todos os casos.
  • Variante dois: Em contraste com a variante um, esta se espalha pelo resto do córtex cerebral. O indivíduo tem menos problemas de memória do que na primeira variante, mas, por outro lado, tem maiores dificuldades com as funções executivas, ou seja, a capacidade de planejar e executar uma ação. A variante dois ocorreu em 18% de todos os casos.
  • Variante três: O acúmulo de tau ocorre no córtex visual, ou seja, na parte do cérebro onde as informações do nervo óptico são processadas e classificadas. O processamento visuoespacial de impressões sensoriais no cérebro é afetado nos indivíduos com esse padrão. Eles têm dificuldade em se orientar, distinguir formas e contornos, distância, movimento e a localização de objetos em relação a outros objetos. A variante três ocorreu em 30% de todos os casos.
  • Variante quatro: A proteína tau se espalha de forma assimétrica no hemisfério esquerdo e afeta principalmente a habilidade de linguagem do indivíduo. A variante quatro ocorreu em 19% de todos os casos.

Os pesquisadores acreditam que esse novo conhecimento pode fornecer aos pacientes métodos de tratamento mais individualizados no futuro.

"Os variados e grandes bancos de dados de tau-PET que existem hoje, junto com métodos recentemente desenvolvidos de aprendizado de máquina, que podem ser aplicados a grandes quantidades de dados, possibilitaram que descobríssemos e caracterizássemos esses quatro subtipos de Alzheimer. No entanto, precisamos um estudo de acompanhamento mais longo, de cinco a dez anos, para sermos capaz de confirmar os quatro padrões com precisão ainda maior," disse o Dr. Oskar Hansson.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Four distinct trajectories of tau deposition identified in Alzheimer’s disease
Autores: Jacob W. Vogel, Alexandra L. Young, Neil P. Oxtoby, Ruben Smith, Rik Ossenkoppele, Olof T. Strandberg, Renaud La Joie, Leon M. Aksman, Michel J. Grothe, Yasser Iturria-Medina, Michael J. Pontecorvo, Michael D. Devous, Gil D. Rabinovici, Daniel C. Alexander, Chul Hyoung Lyoo, Alan C. Evans, Oskar Hansson
Publicação: Nature Medicine
DOI: 10.1038/s41591-021-01309-6
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