Não é só o colesterol
O principal indicador e um dos principais fatores de risco controláveis para as doenças cardiovasculares é nível elevado de colesterol no sangue.
O colesterol é uma substância semelhante à gordura, essencial para a construção de células e a produção de determinadas vitaminas e hormônios. No entanto, quando seus níveis estão muito altos, ele pode se acumular nas paredes dos vasos sanguíneos, formando depósitos conhecidos como placas. Se uma placa se romper, um coágulo pode se formar rapidamente e bloquear completamente o vaso, causando ataque cardíaco ou derrame.
Mas há um elemento importante nesse processo que é muito menos conhecido: O colesterol e outras gorduras não conseguem circular sozinhas; elas são transportadas pelo sangue por partículas especializadas chamadas lipoproteínas, que são divididas em quatro classes principais.
Três dessas classes têm uma proteína especial em sua superfície chamada apolipoproteína B (apoB). Quando presentes em excesso, essas lipoproteínas podem depositar colesterol nas paredes dos vasos sanguíneos. Por isso, o colesterol que elas carregam é frequentemente chamado de "colesterol ruim" (LDL). Em contraste, a quarta classe principal ajuda a remover o excesso de colesterol da corrente sanguínea e o transporta de volta para o fígado - frequentemente chamado de "colesterol bom" (HDL) devido ao seu papel benéfico.
O objetivo dos exames hoje é determinar se os níveis de partículas de colesterol ruim são altos o suficiente para serem prejudiciais. Entretanto, como o colesterol não pode circular ou causar danos sem sua lipoproteína transportadora, os pesquisadores têm-se concentrado cada vez mais em medir as lipoproteínas que transportam o colesterol ruim, como um provável melhor indicador do risco futuro de doenças cardiovasculares.
É aqui que Jakub Morze e colegas da Universidade de Tecnologia Chalmers (Suécia) trouxeram novidades.
"Até agora, não estava claro se dois pacientes com o mesmo nível total de 'colesterol ruim', mas que diferem nas características de seus portadores (tipo de lipoproteína, tamanho, conteúdo lipídico), tinham o mesmo risco de doença cardíaca. Portanto, o objetivo deste estudo foi determinar a importância desses diferentes parâmetros," contou Morze.
Substituir o exame de colesterol
Depois de analisar amostras de sangue de mais de 200.000 pessoas saudáveis, e acompanhá-los por 15 anos, a equipe descobriu que é possível fazer melhor do que um exame tradicional de colesterol.
"Nós descobrimos que a apoB [apolipoproteína B] é o melhor marcador para testar o risco de doença cardíaca. Como a apoB indica o número total de partículas de 'colesterol ruim', sua medição oferece um teste mais preciso do que as medições padrão de colesterol. Isso não significa que os testes convencionais sejam ineficazes; eles geralmente apresentam bom desempenho. No entanto, em cerca de um em cada doze pacientes, os testes padrão de colesterol podem subestimar o risco de doença cardíaca, o que é importante considerar, visto que 20 a 40% de todas as primeiras ocorrências de doenças cardiovasculares são fatais. Ao mudar para o teste de apoB, podemos melhorar essa precisão e potencialmente salvar vidas," resumiu Morze.
Os pesquisadores concluíram que o número total de lipoproteínas de colesterol ruim é o fator mais importante a ser considerado ao testar o risco futuro de doença cardíaca. Outros fatores, como tamanho ou tipo de lipoproteína, não afetaram o risco potencial geral.
No entanto, o estudo também mostrou que outra lipoproteína do colesterol ruim, chamada lipoproteína(a), é uma parte importante do quebra-cabeça e também deve ser testada. Seus níveis são herdados geneticamente na maioria dos indivíduos e representam menos de 1% de todas as lipoproteínas de 'colesterol ruim', em média, na população em geral. Entretanto, em alguns indivíduos esses valores são extremamente altos, elevando significativamente o risco de doenças cardíacas.
"Nossos resultados indicam que a contagem de partículas apoB pode eventualmente substituir o teste padrão de colesterol no sangue em pesquisas e na área da saúde em todo o mundo, e que a lipoproteína(a) também precisa ser testada para se obter uma imagem mais precisa do risco de doenças cardiovasculares relacionada a lipídios. O teste de sangue para esses dois marcadores já está disponível comercialmente e seria barato e fácil de implementar," disse o professor Clemens Wittenbecher, coordenador da equipe.
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