Questionando o consenso científico
Depois de décadas de "consenso científico," nos últimos anos uma série de pesquisas vem questionando a causalidade entre o colesterol elevado e as doenças cardiovasculares.
Por exemplo, hoje sabe-se que "colesterol bom" demais mais que dobra a taxa de mortalidade, enquanto, no reverso da questão, o ruim do "colesterol ruim" depende da composição específica dessa lipoproteína.
Uma nova pesquisa vem dar suporte a esses questionamentos, revelando que a ligação entre o "colesterol ruim" (LDL-C) e eventos como ataque cardíaco e derrame pode, no mínimo, não ser tão forte quanto se pensava anteriormente.
Publicada no renomado JAMA Internal Medicine, a pesquisa questiona a eficácia das estatinas quando prescritas com o objetivo de diminuir o LDL-C e, por uma alegada decorrência, reduzir o risco de doenças cardiovasculares (DCVs).
Questionamento das estatinas
Pesquisas anteriores sugeriram que o uso de estatinas para reduzir o LDL-C afetaria positivamente os resultados de saúde, e isso se refletiu rapidamente nas recomendações e diretrizes de especialistas para a prevenção de DCVs (doenças cardiovasculares). Como resultado, as estatinas agora são comumente prescritas pelos médicos como medida preventiva.
As novas descobertas contradizem essa teoria, revelando que essa relação não é tão forte quanto se concluiu a partir daquelas pesquisas iniciais.
Em vez disso, a pesquisa demonstrou que a redução do LDL-C usando estatinas teve um impacto inconsistente e inconclusivo sobre as doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e mortalidade por todas as causas.
Além disso, o benefício geral de tomar estatinas pode ser pequeno e variará dependendo dos fatores de risco pessoais de cada indivíduo.
"Há muito tempo, a mensagem é que reduzir o colesterol reduz o risco de doença cardíaca e que as estatinas ajudam a conseguir isso. No entanto, nossa pesquisa indica que, na realidade, os benefícios de tomar estatinas são variados e podem ser bastante modestos," resumiu Paula Byrne, da Universidade RCSI (Irlanda), que fez a pesquisa em conjunto com uma equipe da Austrália, Dinamarca e EUA.
Os pesquisadores recomendam que essas informações atualizadas sejam comunicadas aos pacientes pelos seus médicos e que as diretrizes e políticas clínicas sejam atualizadas para refletir o saber científico atual.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Prevenção | Sistema Circulatório | Coração | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.