23/10/2023

Genoma humano está quase todo sequenciado, mas ainda há muito trabalho a ser feito

Redação do Diário da Saúde
Genoma humano está quase todo sequenciado, mas ainda há muito trabalho a ser feito
Há 20 anos os cientistas vêm dizendo ter sequenciado inteiramente o genoma humano. Isto continua não sendo bem verdade.
[Imagem: Ernesto del Aguila III/NHGRI]

Genoma humano ainda incompleto

Por duas vezes, cientistas de um projeto internacional ganharam as manchetes da imprensa no mundo todo afirmando que o genoma humano foi sequenciado de ponta a ponta.

Mas por que duas vezes? E será que agora é definitivo? Parece que não.

De fato, os cientistas do Projeto Genoma Humano identificaram a maioria dos quase 20.000 genes codificadores de proteínas no corpo humano.

No entanto, um outro grupo internacional de pesquisadores destaca agora que há mais trabalho a ser feito. O brasileiro Paulo Amaral e seus colegas salientam que, embora tenhamos quase convergido sobre as identidades dos 20.000 genes, os genes podem ser cortados e emendados para criar aproximadamente 100.000 proteínas, e os especialistas em genes estão longe de chegar a um acordo sobre o que são essas 100.000 proteínas.

Em busca de respostas, o grupo publicou agora um guia para priorizar os próximos passos no esforço para completar o "catálogo" dos genes humanos.

"Muitos cientistas têm trabalhado em esforços para compreender completamente o genoma humano, e ele é muito mais difícil e complexo do que pensávamos," ressaltou Steven Salzberg, da Universidade Johns Hopkins, membro da equipe. "Fornecemos um estado do catálogo dos genes humanos e um guia sobre o que é necessário para completá-lo."

Catalogação dos genes de RNA

Embora a lista final de genes codificadores de proteínas no corpo humano esteja quase completa, os cientistas ainda não catalogaram completamente a variedade de maneiras pelas quais um gene pode ser cortado ou emendado, resultando em isoformas de proteínas (proteínas com a mesma sequência de aminoácidos, mas com diferentes estruturas ou funções) que são ligeiramente diferentes. Algumas isoformas de proteínas não afetarão a função da proteína, mas algumas podem ser diferentes o suficiente para resultar em risco aumentado para uma característica, condição ou doença específica.

Para completar o catálogo, a equipe propõe uma visão abrangente de como cada gene é expresso em proteínas funcionais e não funcionais e na forma tridimensional dessas proteínas.

Os cientistas também propõem um foco na catalogação de genes de RNA não codificantes - RNA é o material genético que é transcrito pelo DNA e segue um caminho molecular para produzir proteínas. Em vez de proteínas, os genes de RNA não codificantes codificam outros tipos de material molecular que desempenham alguma função celular.

Finalmente, o grupo internacional enfatiza a importância de melhorar as bases de dados comumente utilizadas de variações genéticas que causam doenças e enfermidades, melhorando os padrões dos laboratórios clínicos para anotar resultados de sequenciamento de DNA e desenvolver novas tecnologias para permitir métodos mais eficazes e precisos para combinar a ampla gama de proteínas com seus produtos genéticos.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The status of the human gene catalogue
Autores: Paulo Amaral, Silvia Carbonell-Sala, Francisco M. De La Vega, Tiago Faial, Adam Frankish, Thomas Gingeras, Roderic Guigo, Jennifer L. Harrow, Artemis G. Hatzigeorgiou, Rory Johnson, Terence D. Murphy, Mihaela Pertea, Kim D. Pruitt, Shashikant Pujar, Hazuki Takahashi, Igor Ulitsky, Ales Varabyou, Christine A. Wells, Mark Yandell, Piero Carninci, Steven L. Salzberg
Publicação: Nature
Vol.: 622, pages 41-47
DOI: 10.1038/s41586-023-06490-x
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