31/08/2020

Método Montessori leva crianças a aprenderem com os erros e com os acertos

Redação do Diário da Saúde
Método Montessori leva crianças a aprenderem com os erros e com os acertos
Pesquisas com outros métodos de ensino também concordam que a curiosidade ajuda no aprendizado e na memória - mas existem cientistas mais interessados em "inserir" o aprendizado diretamente no cérebro.
[Imagem: Aaron Jacobs]

Monitoramento de erros

Alunos que se concentram em monitorar o próprio processo de aprendizagem - em vez de se concentrar em simplesmente obter as respostas corretas - aprendem melhor.

O processo pelo qual as pessoas aprendem a reconhecer erros e corrigir a si mesmas é chamado de 'monitoramento de erros', e nos ajuda a interagir e aprender com as informações novas que encontramos no cotidiano.

Esse é um processo bem documentado no aprendizado das crianças pequenas.

E um novo estudo de imagens cerebrais ofereceu agora a primeira evidência de que a maneira como os alunos desenvolvem o monitoramento de erros está ligada à forma como aprendem na escola. O estudo comparou alunos de 8-12 anos de idade estudando em escolas seguindo o método Montessori, e as comparou com alunos de mesma idade educados em escolas tradicionais.

Método Montessori

Enquanto as escolas tradicionais enfatizam obter as respostas corretas e evitar erros, com o professor no comando, no método Montessori os professores orientam os alunos usando materiais especialmente elaborados para que os alunos descubram por si mesmos o que devem aprender.

Isso significa que os erros fornecem tantas informações quanto as respostas corretas e, portanto, devem ser valorizados pelos alunos.

Como já é de praxe nas pesquisas de neurociências, os alunos do estudo também foram convidados a resolver problemas de matemática enquanto um exame de fMRI (ressonância magnética funcional) monitorava sua atividade cerebral.

Apenas os alunos do método Montessori apresentaram mudanças coerentes na atividade cerebral após cometerem erros, o que sugere que eles estavam se engajando estrategicamente com os erros para aprender. Os alunos do ensino tradicional, por outro lado, mostraram atividade coerente apenas após obterem respostas corretas, e o padrão de atividade sugeriu que eles estavam tentando memorizar aquele evento.

Embora ambos os grupos tenham acertado o mesmo número de problemas em média, os alunos do método Montessori pularam muito menos questões e cometeram mais erros, fazendo com que aprendessem a tarefa com mais eficiência no final.

Preparando as crianças para o mundo

O estudo reforça evidências anteriores que sugerem que os sistemas educacionais que priorizam a correção, em vez do envolvimento profundo com o conteúdo, podem ser menos benéficos para o desenvolvimento do aluno.

Em outras palavras, os educadores devem se perguntar se estão preparando os alunos para se tornarem pensadores orientados para a obtenção de resultados concretos, ou se os estão preparando como pensadores reflexivos, que saberão se autodirigir em todos os aprendizados futuros.

"Estamos potencialmente ensinando as crianças a reduzir sua curiosidade natural e sua exploração para tentar memorizar as respostas corretas, mas não para tentar usar informações do mundo para descobrir coisas," disse a professora Mary Helen Yang.

Checagem com artigo científico:

Artigo: An fMRI study of error monitoring in Montessori and traditionally-schooled children
Autores: Solange Denervaud, Eleonora Fornari, Xiao-Fei Yang, Patric Hagmann, Mary Helen Immordino-Yang, David Sander
Publicação: Science of Learning
DOI: 10.1038/s41539-020-0069-6
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