25/06/2021

Nova teoria propõe evolução coletiva da inteligência humana

Redação do Diário da Saúde
Nova teoria propõe evolução coletiva da inteligência humana
A teoria evolutiva da sobrevivência do mais apto tem recebido vários questionamentos, ao mesmo tempo em que crescem as propostas alternativas, como uma teoria da recompensa natural.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Teoria da evolução cognitiva

O período que precedeu o surgimento dos humanos modernos foi caracterizado por uma dramática variabilidade climática e ambiental.

E podem ter sido essas pressões, ocorrendo ao longo de centenas de milhares de anos, que moldaram a evolução humana.

Este argumento é parte de uma nova teoria da evolução cognitiva humana, intitulada "Cognição Complementar".

A nova teoria sugere que, ao se adaptarem às dramáticas variabilidades ambientais e climáticas, nossos ancestrais evoluíram para se especializar em maneiras de pensar diferentes, mas complementares.

"Este sistema de funções cognitivas complementares opera de uma forma semelhante à evolução no nível genético, mas em vez de uma adaptação física subjacente, ele pode fundamentar a imensa capacidade da nossa espécie de criar adaptações comportamentais, culturais e tecnológicas. Esta teoria fornece insights sobre a evolução de adaptações humanas como a linguagem, sugerindo que ela evoluiu em conjunto com a especialização na cognição humana," explica a professora Helen Taylor, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

A teoria vem-se juntar a um corpo crescente de estudos que propõem que a evolução humana é bem mais do que a genética, como tradicionalmente proposta pelas teorias darwinista e neo-darwinista.

Nova teoria propõe evolução coletiva da inteligência humana
Esquema da teoria da cognição complementar.
[Imagem: Helen Taylor Open the et al. - 10.1017/S0959774321000329]

Cognição Complementar

A teoria da cognição complementar propõe que nossa espécie se adapta cooperativamente e evolui culturalmente através de um sistema de busca cognitiva coletiva.

Esse sistema atuaria ao lado da "busca genética" (a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural pode ser interpretada como um processo de "busca") envolvendo a adaptação fenotípica e a busca cognitiva, que permite a adaptação comportamental.

"Cada um desses sistemas de busca é essencialmente uma forma de adaptação usando uma mistura de construções e explorando soluções passadas e encontrando formas de atualizá-las; como consequência, vemos a evolução dessas soluções ao longo do tempo. Este é o primeiro estudo a explorar a noção de que membros individuais da nossa espécie são neurocognitivamente especializados em estratégias de buscas cognitivas complementares," explicou Taylor.

Surgimento da linguagem

A cognição complementar surge como uma tentativa de agregar aos estudos da evolução uma explicação para o nível excepcional de adaptação cultural em nossa espécie, fornecendo ainda uma estrutura explicativa para o surgimento da linguagem.

A linguagem pode ser vista como evoluindo tanto na forma de um meio para facilitar a busca cooperativa, quanto como um mecanismo de herança para compartilhar os resultados mais complexos da busca cognitiva complementar. Assim, a linguagem seria vista como parte integrante do sistema de cognição complementar.

A teoria da cognição complementar também reúne observações de diversas disciplinas, mostrando que elas podem ser vistas como várias faces do mesmo fenômeno subjacente.

"Por exemplo, uma forma de cognição atualmente vista como um distúrbio, a dislexia, pode ser uma especialização neurocognitiva cuja natureza, por sua vez, prediz que nossa espécie evoluiu em um ambiente altamente variável. Isso concorda com as conclusões de muitas outras disciplinas, incluindo evidências paleoarqueológicas confirmando que o cadinho da evolução da nossa espécie era altamente variável," concluiu Taylor.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Evolution of Complementary Cognition: Humans Cooperatively Adapt and Evolve through a System of Collective Cognitive Search
Autores: Helen Taylor, Brice Fernandes, Sarah Wraight
Publicação: Cambridge Archaeological Journal
DOI: 10.1017/S0959774321000329
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