06/03/2023

Pular o café da manhã pode comprometer o sistema imunológico

Redação do Diário da Saúde
Pular o café da manhã pode comprometer o sistema imunológico
As coisas se complicam justamente quando a comida é reintroduzida após o jejum prolongado.
[Imagem: Mount Sinai Health System]

Jejum

Embora o jejum esteja presente em várias recomendações de saúde, sobretudo nas dietas de restrição calórica, essa pode não ser a melhor opção quando falamos do café da manhã.

Ao estudar animais de laboratório, pesquisadores mostraram que ficar sem o café da manhã atrapalha o corpo a se defender das infecções e até pode levar a um aumento do risco de doença cardíaca.

Os pesquisadores queriam entender melhor como o jejum - de um jejum relativamente curto de apenas algumas horas a um jejum mais severo de 24 horas - afeta o sistema imunológico.

Para isso, eles analisaram dois grupos de camundongos: Um grupo tomou café da manhã logo após acordar (o café da manhã é a maior refeição do dia) e o outro grupo não tomou café da manhã. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue em ambos os grupos quando os ratos acordaram (linha de base), quatro horas depois e oito horas depois.

Monócitos

Houve uma diferença significativa no grupo de jejum em relação ao número de monócitos, que são glóbulos brancos produzidos na medula óssea e que viajam pelo corpo, onde desempenham muitos papéis críticos, desde combater infecções até doenças cardíacas e câncer.

No início, todos os camundongos tinham a mesma quantidade de monócitos. Depois de quatro horas, no entanto, os monócitos dos camundongos do grupo em jejum foram dramaticamente afetados, com 90% dessas células desaparecendo da corrente sanguínea. E seu número diminuiu ainda mais depois de oito horas. Enquanto isso, os monócitos no grupo sem jejum não foram afetados.

Em camundongos em jejum, os pesquisadores descobriram que os monócitos voltaram para a medula óssea para hibernar. Ao mesmo tempo, a produção de novas células na medula óssea diminuiu. Os monócitos na medula óssea - que normalmente têm uma vida útil curta - mudaram significativamente. Eles sobreviveram por mais tempo por permanecerem na medula óssea e envelheceram de forma diferente dos monócitos que permaneceram no sangue.

Quando a comida foi reintroduzida, após 24 horas, as células escondidas na medula óssea voltaram à corrente sanguínea em poucas horas. Este aumento levou a um nível elevado de inflamação, ou seja, em vez de proteger contra a infecção, esses monócitos alterados eram mais inflamatórios, tornando o corpo menos resistente ao combate à infecção.

Fome afeta o cérebro

De modo mais interessante, o experimento estabelece uma conexão entre o cérebro e essas células imunológicas durante o jejum: Os pesquisadores descobriram que regiões específicas do cérebro controlam a resposta dos monócitos durante o jejum. Na verdade, o jejum parece provocar uma resposta de estresse no cérebro, explicando, por exemplo, porque é comum que as pessoas ficam irritadas quando sentem fome.

E esse mecanismo desencadeia instantaneamente uma migração em larga escala desses glóbulos brancos do sangue para a medula óssea e, em seguida, de volta à corrente sanguínea logo após a reintrodução do alimento, restaurando tudo à normalidade.

"O estudo mostra que, por um lado, o jejum reduz o número de monócitos circulantes, o que pode ser considerado bom, já que essas células são componentes importantes da inflamação. Por outro lado, a reintrodução da comida cria um pico de monócitos inundando de volta para o sangue, o que pode ser problemático. Portanto, o jejum regula esse conjunto de maneiras que nem sempre são benéficas para a capacidade do corpo de responder a um desafio, como uma infecção. Como essas células são muito importantes para outras doenças, como doenças cardíacas ou câncer, entender como sua função é controlada é fundamental," disse o Dr. Filip Swirski, coordenador do estudo.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Monocytes re-enter the bone marrow during fasting and alter the host response to infection
Autores: Henrike Janssen, Florian Kahles, Dan Liu, Jeffrey Downey, Laura L. Koekkoek, Vladimir Roudko, Darwin D’Souza, Cameron S. McAlpine, Lennard Halle, Wolfram C. Poller, Christopher T. Chan, Shun He, John E. Mindur, Máté G. Kiss, Sumnima Singh, Atsushi Anzai, Yoshiko Iwamoto, Rainer H. Kohler, Kashish Chetal, Ruslan I. Sadreyev, Ralph Weissleder, Seunghee Kim-Schulze, Miriam Merad, Matthias Nahrendorf, Filip K. Swirski
Publicação: Immunity
DOI: 10.1016/j.immuni.2023.01.024
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