29/10/2019

Cinco novos órgãos do corpo humano são descobertos em cinco anos

Com informações da BBC
Cinco órgãos do nosso corpo descobertos nos últimos cinco anos
Esquema do interstício: A camada de cima é a mucosa; as partes rosas são as estruturas de colágeno que criam as cavidades cheias de fluído (representado pela cor lilás).
[Imagem: Jill Gregory / Mount Sinai Health System]

Novos órgãos do corpo humano

Temos hoje uma imagem bastante completa dos nossos órgãos e tecidos, assim como de suas funções, graças a Aristóteles e Galeno, na Grécia e Roma Antiga, respectivamente, às dissecações de cirurgiões medievais, aos desenhos anatômicos detalhados de Leonardo Da Vinci, à invenção de dispositivos de ausculta, como o estetoscópio, do microscópio e do raio X.

Nas últimas décadas, particularmente, o conhecimento avançou a um ritmo impensável graças a novas tecnologias, como o ultra-som e a ressonância magnética. Da mesma forma, a disseminação desse conhecimento foi multiplicada por novos métodos de ensino e comunicação.

No entanto, o mapa do corpo humano não está completo. Vários órgãos e células novas foram descobertos nos últimos anos, o que nos faz perguntar: quanto ainda falta descobrir?

Reveja as cinco partes da nossa anatomia que até recentemente não sabíamos que existiam, tampouco para que serviam.

Interstício

O interstício é o "órgão" mais recente a ser descoberto, em 2018.

Trata-se de uma rede de cavidades de colágeno e elastina, repleta de líquido, presente dentro e entre os tecidos do nosso corpo. Ele foi identificado por uma equipe de patologistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, nos EUA, graças aos avanços tecnológicos da endomicroscopia ao vivo, que mostra em tempo real a histologia e estrutura dos tecidos.

É uma estrutura conectiva que se estende por todo o corpo e pode ser nada menos do que um dos maiores órgãos do corpo humano. Estes tecidos estão localizados debaixo da pele, recobrem o tubo digestivo, os pulmões e o sistema urinário, rodeiam as artérias, veias e fáscias (estrutura fibrosa onde se fixam músculos).

Os pesquisadores têm várias teorias sobre sua função. Acreditam que pode ser importante para explicar a metástase do câncer, o edema, a fibrose e o funcionamento mecânico de tecidos e órgãos do corpo humano. O interstício pode atuar também como um amortecedor para impedir que os tecidos do corpo se rompam com o funcionamento diário - que faz com que os órgãos, músculos e vasos sanguíneos se contraiam e se expandam constantemente.

Alguns especialistas não o consideram um órgão. Mas reconhecem que isso não diminui necessariamente sua importância.

Cinco órgãos do nosso corpo descobertos nos últimos cinco anos
Os cientistas ainda não sabem muito a respeito das funções do mesentério.
[Imagem: Alan Place]

Mesentério

Embora a primeira menção ao mesentério tenha sido feita por Leonardo Da Vinci no século 16, ele permaneceu praticamente ignorado pelos médicos por 500 anos.

Em janeiro de 2018, o mesentério foi redescoberto por uma equipe do Hospital Universitário Limerick, na Irlanda, que declarou que se trata de um órgão único e contínuo no centro do nosso sistema digestivo.

O mesentério é uma dobra dupla do peritônio - como é chamado o revestimento da cavidade abdominal - que une o intestino à parede do abdômen e permite que ele permaneça no lugar. Os cientistas ainda não sabem muito a respeito de suas funções, além de proporcionar sustentação e permitir a irrigação sanguínea às vísceras.

Vasos linfáticos do cérebro

Pesquisadores da Universidade da Virgínia, nos EUA, se "depararam" com estruturas vasculares misteriosas quando estudavam a meninge, membrana entre o cérebro e o crânio que envolve o sistema nervoso central.

Lá, eles encontraram muitas células de defesa em um local onde elas não deveriam existir, uma vez que, até então, a ideia era que o cérebro não estava conectado ao sistema imunológico. Após uma investigação mais aprofundada, se deram conta de que algumas dessas células de defesa estão dentro de estruturas vasculares que conectam o cérebro ao sistema imunológico.

Essa descoberta levou a um segundo estudo revelador. Essas células de defesa, que até então não sabíamos que existiam, afetam as funções do nosso cérebro e a maneira como socializamos. A descoberta, feita em 2016, permitirá estudar doenças como o Mal de Alzheimer do ponto de vista do sistema imunológico ou do processo de envelhecimento, entre muitas outras coisas.

Cinco órgãos do nosso corpo descobertos nos últimos cinco anos
Este é o ligamento anterolateral, o ligamento "perdido" do joelho.
[Imagem: S. Claes et al./Journal of Anatomy]

Ligamento anterolateral

Em 2013, dois cirurgiões na Bélgica conseguiram identificar um ligamento do joelho, chamado ligamento anterolateral - até então, havia apenas suspeitas da sua existência.

A anatomia do joelho é muito complexa, formada por quatro ligamentos principais, mas há algum tempo vários pesquisadores investigam as estruturas menos definidas da articulação. Steven Claes e Johan Bellemans, da Universidade de Leuven (Bélgica), sinalizaram que esse ligamento anterolateral (agora conhecido como LAL) poderia desempenhar um papel protetor importante quando viramos ou mudamos de direção.

A presença desse ligamento ajuda a entender melhor uma lesão comum nos esportes que há muito tempo intriga os médicos: a ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA), segundo os cirurgiões.

Camada de Dua

Também em 2013, foi descoberto um componente do olho até então desconhecido.

A ciência acreditava que a córnea era composta de cinco camadas, mas identificaram a existência de uma sexta camada com apenas 0,001 milímetro de espessura. O professor Harminder Dua, da Universidade de Nottingham (Inglaterra ), deu seu nome à estrutura, agora conhecida como camada de Dua.

Há muitas doenças que afetam a parte de trás da córnea e que os médicos já estão relacionando à presença, ausência ou lacerações dessa camada. A descoberta também serve para ajudar a tornar as cirurgias oculares mais simples.

Fisiologia em construção

Embora estes cinco "órgãos", ou candidatos a órgãos, sejam os resultados mais famosos destes últimos anos, os pesquisadores têm descoberto muito mais sobre o corpo humano, o que tem exigido atualizações constantes dos livros de anatomia.

Veja algumas dessas descobertas:

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