03/05/2021

INCA divulga lista com agentes cancerígenos relacionados ao trabalho

Com informações da Agência Brasil
INCA divulga lista com agentes cancerígenos relacionados ao trabalho
"Isso acontece, por exemplo, com agentes químicos que já são obsoletos em outros países e nós, aqui, ainda estamos convivendo com eles."
[Imagem: Mateus Pereira/Gov.BA]

Câncer ocupacional

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) lançou uma listagem atualizada dos agentes cancerígenos relacionados ao trabalho.

O objetivo é ajudar os profissionais de saúde a identificar os principais agentes químicos, físicos e biológicos presentes no ambiente geral e ocupacional, que contribuem para o desenvolvimento de câncer.

Os principais cânceres relacionados ao trabalho são os de pulmão, bexiga e, mais recentemente, linfomas e de pele não-melanoma.

São 38 partes do corpo que podem desenvolver o câncer, o dobro do número elencado anteriormente pelo Inca, em uma publicação de 2012. Entre as áreas mapeadas constam o câncer de pulmão relacionado à exposição ao amianto, câncer de ovário, laringe, faringe, de glândulas salivares e de fígado.

A prevenção dos cânceres relacionados ao ambiente do trabalho começa pela divulgação das informações e orientações para os trabalhadores sobre onde estão esses agentes que oferecem maior risco para a saúde.

"Esses produtos poderiam ser substituídos por outros que oferecem menor risco à saúde", destacou a epidemiologista Ubirani Otero, do INCA.

Permitidos só aqui

Por várias razões, entre elas o custo menor, empresas acabam buscando produtos que já foram proibidos em outros países, mas que continuam tendo seu uso autorizado no Brasil pela ANVISA.

"Isso acontece, por exemplo, com agentes químicos que já são obsoletos em outros países e nós, aqui, ainda estamos convivendo com eles," disse Otero. "A solução é informar à sociedade, ao trabalhador e aos empregadores e estabelecer medidas protetivas de saúde para reduzir essa exposição."

O Inca vem alertando para esse problema há alguns anos e participa de fóruns e audiências públicas, divulgando informações. Segundo a epidemiologista, esses são fatores de risco evitáveis, principalmente no que se refere aos agentes químicos.

No ano passado, o Inca revelou resultados relacionados ao benzeno, que é um solvente utilizado na gasolina e que afeta, em especial, trabalhadores de postos de combustíveis. "O nosso papel é informar e dar suporte à vigilância de saúde em estados e municípios, dizendo onde estão esses agentes, quais os riscos a essas exposições, quais os efeitos à saúde, além da questão regulatória," destacou Otero.

Fatores ocupacionais

A maior parte dos casos de câncer diagnosticados em todo o mundo apresenta uma relação direta com fatores de riscos ambientais, incluindo o ambiente ocupacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% do total de casos de câncer podem ser atribuídos ao ambiente como um todo, e não só ao ambiente do trabalho. A mais recente estimativa mundial aponta que, em 2018, ocorreram 18 milhões de novos casos de câncer.

"O câncer não é causado apenas por questões genéticas ou hereditárias," afirmou a epidemiologista. "Isso não é verdade".

De forma geral, os cânceres atribuídos a fatores ocupacionais variam de 5% a 8% do total, embora existam determinados tipos de câncer em que a relação pode ser bem maior. É o caso do câncer de pulmão, que fica em torno de 20% a 21%. O Inca destaca que cerca de 20% dos casos desse tipo de neoplasia em homens poderiam ser evitados caso não houvesse exposição ocupacional a um grande número de agentes presentes nos ambientes de trabalho, entre os quais amianto, metais, sílica, radônio e produtos da exaustão de motores a diesel.

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