Remédios naturais contra venenos
Informações sobre venenos de animais e plantas medicinais que anulam seus efeitos estão reunidas no banco de dados Venom, organizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Todos os dados podem ser consultados na internet, com a possibilidade de pesquisadores contribuírem com os resultados de novas pesquisas. O sistema computacional que permite gerenciar e relacionar as informações foi desenvolvido pelo analista de sistemas Renato David Puga, em sua dissertação de mestrado na FMRP.
O sistema reúne 97 informações sobre plantas medicinais com propriedades antiveneno e 4.623 sobre animais venenosos. A maioria dos dados sobre as plantas foi extraída de artigos científicos. O levantamento teve a colaboração do professor Andreimar Soares, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), que pesquisa a relação entre espécies vegetais e venenos de serpentes brasileiras. "Foi um procedimento manual, com a verificação de todos os artigos para identificar os efeitos de cada planta e categorizá-las conforme as propriedades antiveneno", conta Puga.
392 animais venenosos
As informações sobre animais envolvem 392 espécies, de dez organismos diferentes, como serpentes, cobras, escorpiões, sapos, aranhas, moluscos e abelhas. Os dados foram obtidos no site do National Center for Biotechnology Information (NCBI), dos Estados Unidos. "Os dados de gênero, espécie, função da proteínas, entre outros foram coletados desse banco internacional e relacionados com os dados de plantas medicinais cadastrados", aponta o analista.
Para organizar o Venom, Puga utilizou um Gerenciador de Conteúdo (CMS) baseado em software livre conhecido como Drupal, com ferramentas que ajudam a estabelecer as correlações entre plantas e venenos. "Como ele é estruturado de forma modular, é possível adicionar novos recursos para as buscas, mantendo o sistema sempre atualizado", ressalta. "Essa flexibilidade permite realizar o gerenciamento sem a dependência do programador original, evitando o engessamento da base de dados".
Banco de dados na internet
O site com o banco de dados é mantido pelo Grupo de Bioinformática do Departamento de Genética da FMRP e pode ser acessado no endereço http://gbi.fmrp.usp.br/venom. A montagem do sistema de busca e gerenciamento das informações no Venom é descrita na dissertação de Puga na FMRP, orientada pela professora Silvana Giuliati e apresentada em abril deste ano.
As plantas podem ser pesquisadas por espécie, família e propriedades antiveneno, com foto da estrutura química relacionada, e as espécies animais com que o antiveneno interage, com possibilidade de busca pela parte da planta utilizada na produção do composto (folha, caule, raiz). Os animais são divididos por espécie, gênero, seqüências de proteínas (no formato FASTA) e seus produtos. Os mecanismos de busca permitem o cruzamento de dados entre as diversas categorias.
Colaboração científica
O Venom também oferece um link para que grupos de pesquisa possam se cadastrar e incluir informações sobre animais e plantas. "O administrador do site fornece uma senha e os grupos tem a opção de programarem quando as informações estarão disponíveis ao público", explica o analista de sistemas. "Embora no Brasil haja vários grupos de pesquisadores, sobre venenos de animas e plantas medicinais, faltava um banco de dados que fizesse a relação entre ambos".
Os resultados que são depositados no site passam por uma validação dos dados funcionais, realizada pela equipe do professor Andreimar Soares. A iniciativa tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo ao Ensino e a Pesquisa (Faepa), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).
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