27/03/2023

Brasileiros desenvolvem teste que detecta Parkinson em estágio inicial

Com informações da Agência Fapesp
Brasileiros desenvolvem teste que detecta Parkinson em estágio inicial
Princípio de funcionamento do teste de Parkinson, fabricado por uma técnica de baixo custo.
[Imagem: Cristiane Kalinke et al. - 10.1016/j.snb.2023.133353]

Teste rápido para Parkinson

Pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um sensor eletroquímico que detecta a doença de Parkinson em diferentes estágios.

Fabricado em uma impressora 3D comum - o que significa custo baixo de produção - o sensor pode antecipar o diagnóstico, permitindo o tratamento precoce, e ainda funciona como modelo para a identificação de outras doenças.

"O sensor indica rapidamente a concentração da proteína PARK7/DJ-1 no plasma sanguíneo humano e em fluido cerebrospinal sintético. A molécula está relacionada à doença de Parkinson em níveis abaixo de 40 microgramas por litro [40 μg/L]," explicou a pesquisadora Cristiane Kalinke. "Com a vantagem de poder ser impresso em diversos formatos e tamanhos, inclusive em miniatura, criando dispositivos realmente portáteis, que demandam uma quantidade muito pequena de amostra."

Para construir o sensor, os pesquisadores utilizaram um filamento comercial composto basicamente por ácido polilático (polímero biodegradável conhecido pela sigla em inglês PLA) associado a um material condutor (grafeno) e outros aditivos. Três eletrodos foram impressos em plástico com tecnologia 3D e passaram por um tratamento químico que os tornou ainda mais condutores e estimulou em suas superfícies a formação de grupos funcionais (carboxílicos), que se ligam com anticorpos.

Enquanto a concentração média da proteína alvo do sensor em pacientes diagnosticados com Parkinson é de aproximadamente 30 μg/L, o sensor consegue detectá-la em três níveis de concentração: 30 μg/L, 40 μg/L e 100 μg/L.

"Dificilmente um paciente vai a uma consulta médica em busca de um exame de rotina para detectar Parkinson em estágio inicial - quando há suspeita, provavelmente sintomas físicos e comportamentais já se manifestaram e a doença já está bem estabelecida," comentou o professor Juliano Bonacin. "Nossa ideia foi construir um dispositivo muito simples e muito barato que permitisse o monitoramento ao longo do tempo e acendesse um alerta para médicos e pacientes no caso de alterações nos níveis da PARK7/DJ-1, o que é especialmente útil se analisado em conjunto com outros biomarcadores."

Detecção de outras doenças

Esta tecnologia abre portas para o diagnóstico de outras doenças, uma vez que a proteína PARK7/DJ-1 tem relação com diabetes tipo 2, infertilidade e alguns tipos de câncer, além dos problemas neurológicos.

E o objetivo é expandir o uso para outros biomarcadores - Cristiane já está trabalhando na fabricação de um sensor para o diagnóstico da febre amarela.

"Imagine que ocorra um surto de determinada doença em uma região específica," exemplificou o professor Juliano. "Com poucas impressoras 3D e alguns eletrodos seria possível produzir um sensor como o nosso no local."

Checagem com artigo científico:

Artigo: 3D-printed immunosensor for the diagnosis of Parkinson’s disease
Autores: Cristiane Kalinke, Paulo Roberto De Oliveira, Craig E. Banks, Bruno Campos Janegitz, Juliano Alves Bonacin
Publicação: Sensors and Actuators B: Chemical
Vol.: 381, 133353
DOI: 10.1016/j.snb.2023.133353
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