Teste rápido para Parkinson
Pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um sensor eletroquímico que detecta a doença de Parkinson em diferentes estágios.
Fabricado em uma impressora 3D comum - o que significa custo baixo de produção - o sensor pode antecipar o diagnóstico, permitindo o tratamento precoce, e ainda funciona como modelo para a identificação de outras doenças.
"O sensor indica rapidamente a concentração da proteína PARK7/DJ-1 no plasma sanguíneo humano e em fluido cerebrospinal sintético. A molécula está relacionada à doença de Parkinson em níveis abaixo de 40 microgramas por litro [40 μg/L]," explicou a pesquisadora Cristiane Kalinke. "Com a vantagem de poder ser impresso em diversos formatos e tamanhos, inclusive em miniatura, criando dispositivos realmente portáteis, que demandam uma quantidade muito pequena de amostra."
Para construir o sensor, os pesquisadores utilizaram um filamento comercial composto basicamente por ácido polilático (polímero biodegradável conhecido pela sigla em inglês PLA) associado a um material condutor (grafeno) e outros aditivos. Três eletrodos foram impressos em plástico com tecnologia 3D e passaram por um tratamento químico que os tornou ainda mais condutores e estimulou em suas superfícies a formação de grupos funcionais (carboxílicos), que se ligam com anticorpos.
Enquanto a concentração média da proteína alvo do sensor em pacientes diagnosticados com Parkinson é de aproximadamente 30 μg/L, o sensor consegue detectá-la em três níveis de concentração: 30 μg/L, 40 μg/L e 100 μg/L.
"Dificilmente um paciente vai a uma consulta médica em busca de um exame de rotina para detectar Parkinson em estágio inicial - quando há suspeita, provavelmente sintomas físicos e comportamentais já se manifestaram e a doença já está bem estabelecida," comentou o professor Juliano Bonacin. "Nossa ideia foi construir um dispositivo muito simples e muito barato que permitisse o monitoramento ao longo do tempo e acendesse um alerta para médicos e pacientes no caso de alterações nos níveis da PARK7/DJ-1, o que é especialmente útil se analisado em conjunto com outros biomarcadores."
Detecção de outras doenças
Esta tecnologia abre portas para o diagnóstico de outras doenças, uma vez que a proteína PARK7/DJ-1 tem relação com diabetes tipo 2, infertilidade e alguns tipos de câncer, além dos problemas neurológicos.
E o objetivo é expandir o uso para outros biomarcadores - Cristiane já está trabalhando na fabricação de um sensor para o diagnóstico da febre amarela.
"Imagine que ocorra um surto de determinada doença em uma região específica," exemplificou o professor Juliano. "Com poucas impressoras 3D e alguns eletrodos seria possível produzir um sensor como o nosso no local."
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