Aplicação direta
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveram uma estratégia para tratar o tipo mais agressivo de câncer cerebral em adultos que combina uma molécula fotoativa e um agente quimioterápico - ambos encapsulados em nanopartículas.
A nova terapia pode ser usada antes, durante e depois da cirurgia de remoção do tumor, obrigatória nos casos agressivos do glioblastoma multiforme de grau quatro, que representa quase 25% dos tumores cerebrais não metastáticos.
O uso de nanopartículas permite liberar os compostos ativos diretamente na região afetada, de maneira gradual e sustentada durante alguns meses.
"Quanto menos tecido cerebral for removido, mais segura é a cirurgia, pois cai consideravelmente o risco de comprometimento das funções vitais do paciente", explicou o professor Antônio Cláudio Tedesco.
Remédios com nanotecnologia
A proposta é enriquecer a região afetada pela doença com as moléculas fotoativas cerca de duas semanas antes da cirurgia. Durante esse período, simultaneamente, o quimioterápico estará agindo para reduzir a massa tumoral. Durante a cirurgia, a luz será aplicada para ativar os compostos fotossensíveis.
"Nesse momento, com a retirada da calota craniana e do tumor, é possível proteger o tecido sadio com a fototerapia e matar as células doentes que porventura continuam impregnadas no tecido," disse o pesquisador.
No período pós-cirúrgico, o novo tratamento pode ajudar a evitar a recidiva, pois as nanopartículas são capazes de liberar de forma gradual o quimioterápico diretamente na região do tumor, sem causar problemas colaterais ao paciente debilitado.
"É justamente nesse período que 90% dos pacientes apresentam recidiva e, normalmente, de forma muito agressiva. No entanto, como estão debilitados, não é possível submetê-los à radioterapia ou à quimioterapia convencional. Com o novo método, podemos manter o combate ativo da doença por um mês após a cirurgia," disse Tedesco.
O tratamento quimioterápico convencional contra o glioblastoma envolve a administração do fármaco temozolomida, de custo elevado e com poucas garantias de eficácia. Entre os efeitos adversos da dose necessária para atravessar a barreira hematoencefálica - que protege o sistema nervoso central - estão danos à medula óssea, onde estão as células-tronco hematopoiéticas responsáveis por gerar as células do sangue e do sistema imunológico.
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