Só funciona para alguns
Em outubro de 2020, a agência norte-americana FDA aprovou o uso emergencial do medicamento antiviral remdesivir para tratar a covid-19.
Finalmente, após meses de medo e incerteza, parecia haver esperança contra a doença que havia paralisado o mundo.
O remdesivir ajuda a combater a covid-19 impedindo que o vírus se multiplique ainda mais, interrompendo efetivamente seu ciclo de vida.
No entanto, surgiu um problema curioso: O medicamento não funcionava o tempo todo. Muitos pacientes em suporte de oxigênio continuaram a piorar apesar do tratamento com remdesivir, sugerindo que o medicamento era eficaz apenas em alguns pacientes.
Por que isso aconteceu, ou quais fatores tornaram alguns pacientes mais responsivos ao remdesivir do que outros, permaneceu um mistério.
Remdesivir contra covid-19
Para ajudar a lidar com o problema, a equipe da professora Lisa Ng, do Instituto A*STAR de Doenças Infecciosas (Cingapura), começou a procurar marcadores imunológicos importantes que pudessem ajudar os médicos a identificar pacientes para os quais o tratamento com remdesivir seria bem-sucedido.
Os pesquisadores coletaram amostras de plasma de 28 pacientes com covid-19 grave, que foram tratados com remdesivir. Aqueles cujo estado de saúde não se deteriorou o suficiente para precisar de suporte de oxigênio foram considerados respondedores ao tratamento.
O remdesivir mostrou-se eficaz em 21 dos 28 pacientes. Quando Lisa e sua equipe mediram os níveis de marcadores de resposta imunológica desse grupo, antes e após o tratamento, eles descobriram que os respondedores tinham níveis mais altos de células auxiliares do tipo 2 (Th2) do que as células auxiliares do tipo 1 (Th1).
Esse resultado mostrou que o equilíbrio entre Th1 e Th2 é um potencial indicador dessa resposta ao remdesivir, abrindo caminho para um exame prévio para selecionar os pacientes que possam se beneficiar do medicamento.
"Embora a função exata do Th2 na covid-19 grave não seja clara, sabe-se que ele tem um papel vital na redução da inflamação em outros distúrbios pulmonares," explicou Lisa. "Os respondedores tiveram uma resposta Th2 mais alta, indicando que o tratamento com remdesivir está funcionando e reduzindo sua inflamação hiperativa."
Adição de anti-inflamatórios
Os pesquisadores descobriram outras citocinas associadas ao Th2 em níveis elevados nos pacientes que responderam ao remdesivir, indicando que o Th2 e suas vias relacionadas desempenham um papel importante na eficácia do medicamento.
Enquanto isso, os não respondedores mostraram-se mais propensos a ter inflamação hiperativa e incontrolável que nem mesmo o remdesivir poderia tratar, sugerindo que a adição de agentes anti-inflamatórios ao remdesivir poderia ser uma estratégia de tratamento promissora.
No entanto, Lisa e a equipe enfatizaram que são necessárias mais pesquisas antes que diretrizes definitivas de tratamento possam ser extraídas desses resultados.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Medicamentos | Sistema Imunológico | Exames | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2025 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.