08/12/2009

No que Deus acredita? Naquilo que eu acredito, ora bolas...

Steve Koppes
No que Deus acredita? Naquilo que eu acredito, ora bolas...

[Imagem: Wikimedia]

As crenças de Deus e de outras pessoas

As pessoas religiosas tendem a usar suas próprias crenças como um guia para pensar no que o próprio Deus acreditaria, mas são muito menos restritivas quando ponderam sobre as crenças de outras pessoas.

A pesquisa acaba de ser publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, resultado de uma colaboração entre cientistas da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, e Monash, na Austrália.

O estudo, coordenado por Nicholas Epley, professor de ciência comportamental, incluiu uma série de pesquisas e estudos de neuroimagens para examinar a extensão na qual as crenças das pessoas guiam suas previsões sobre no que Deus acreditaria.

As descobertas ampliam o conhecimento atual da psicologia, mostrando que as pessoas são frequentemente egocêntricas quando inferem as crenças de outras pessoas - grande parte da tradição judaico-cristã-islâmica concebe Deus como uma pessoa.

Eu, Bill Gates, Bush e Deus

O trabalho agora publicado relata os resultados de sete estudos separados. Os primeiros quatro incluem pesquisas entre usuários do metrô de Boston, estudantes universitários de Chicago e uma base de dados de respondentes online representativa da população dos Estados Unidos.

Nessas entrevistas, os participantes relatavam sua própria crença sobre uma determinada questão e sua estimativa daquilo no que Deus acreditaria, assim como avaliações das crenças de pessoas conhecidas, como Bill Gates, Barry Bonds (da liga de beisebol), o então presidente do Estados Unidos George W. Bush e um cidadão considerado médio.

Deus de um ponto de vista egocêntrico

Dois outros estudos manipularam diretamente as crenças dos próprios entrevistados e descobriram que inferências sobre as crenças de Deus acompanham as crenças das próprias pessoas - algo como "Deus também acredita naquilo que eu acredito."

Foi pedido aos participantes, por exemplo, que eles escrevessem um texto que apoiasse ou se opusesse à pena de morte. Depois foi pedido que eles lessem o texto na frente de uma câmera - um exercício que reconhecidamente afeta as crenças que as pessoas relatam. As crenças foram computadas antes e depois da leitura frente à câmera.

O último estudo envolveu imagens cerebrais feitas por ressonância magnética funcional para medir a atividade neural dos participantes conforme eles pensavam sobre suas próprias crenças versus as crenças de Deus e de outras pessoas.

Os dados demonstraram que as ponderações sobre as crenças de Deus ativam muitas das mesmas regiões que se tornam ativas quando as pessoas pensam sobre suas próprias crenças.

As crenças de Deus, segundo eu próprio

Os pesquisadores destacam que as pessoas frequentemente acertam suas "bússolas morais" de acordo com o que eles acreditam ser os padrões do pensamento de Deus.

"A característica central de uma bússola, contudo, é que ela aponta para o norte não importando para qual direção a pessoa está virada," ponderam eles. "Estas pesquisas sugerem que, ao contrário de uma bússola real, as inferências sobre as crenças de Deus podem ao contrário apontar mais fortemente na direção para a qual as pessoas já estão voltadas, não importando que direção seja esta."

Mas os pesquisadores também não descartam a possibilidade de que as presumidas crenças de Deus possam servir de guia para as pessoas em situações nas quais elas estão indecisas ou incertas sobre suas próprias crenças. Neste caso, tentar agir "como Deus agiria" pode levar a comportamentos mais altruístas.

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