Essencialismo social
Ouvir generalizações a respeito de um grupo de pessoas, como "meninos têm cabelo curto", pode levar as crianças a endossar uma série de outros estereótipos sobre o grupo.
O estudo aponta para métodos mais eficazes para reduzir os estereótipos e os preconceitos sociais.
O foco dos pesquisadores foi o "essencialismo social", a crença de que tudo tem propriedades intrínsecas. Assim, certas categorias sociais, como raça ou gênero, marcariam tipos fundamentalmente distintos de pessoas.
Por exemplo, o essencialismo social facilita a crença de que, como uma menina saiu-se mal em matemática, as meninas, em geral, serão ruins em matemática.
Linguagem genérica e estereótipos
Estudos anteriores mostraram que as crenças essencialistas sobre as categorias sociais, como sexo ou raça, aparecem cedo, na idade pré-escolar. Mas não há ainda muita clareza sobre os processos que levam à formação dessas crenças.
Foi nisso que se centraram os pesquisadores das universidades de Nova Iorque e Princeton (EUA), em um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Especificamente, os pesquisadores avaliaram se uma linguagem genérica desempenha um papel importante na formação do desenvolvimento do essencialismo social, orientando as crianças a desenvolver crenças essencialistas sobre categorias sociais que, de outra forma, não se desenvolveriam.
Para isso eles criaram um livro ilustrado de histórias, com personagens chamados Zabies. Algumas imagens vinham com legendas do tipo "Zabies têm medo de joaninhas", enquanto outras, sempre idênticas às primeiras, vinham com legendas do tipo "Este zabie tem medo de joaninhas".
Além disso, a fim de entender como o essencialismo social é transmitido, eles examinaram se ter ou não crenças essencialistas sobre uma categoria social leva os pais a produzir uma linguagem mais genérica para descrever para seus filhos a categoria sobre a qual eles próprios têm preconceitos.
Deseducação
"Tomados em conjunto, nossos resultados mostraram que a linguagem genérica é um mecanismo pelo qual as crenças essencialistas sociais, bem como tendências de estereótipos e preconceitos, podem ser transmitidos de pais para filhos," confirma Marjorie Rhodes, principal autora do estudo.
Ela acrescenta que o estudo não afirma que a linguagem genérica cria pensamentos essencialistas, mas sim, que vieses cognitivos das crianças as levam a supor que algumas categorias sociais possuem diferenças essenciais - e que as informações via linguagem genérica sinalizam para elas a quais categorias devem aplicar essas crenças.
A conclusão é que é importante que pais e professores ajustem a forma de falar sobre grupos ou comportamentos, em um esforço para reduzir o preconceito social.
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