08/10/2019

Notícias falsas produzem falsas memórias do fato falso

Redação do Diário da Saúde

Notícias e memórias falsas

Os eleitores podem formar memórias falsas depois de ver notícias fabricadas, especialmente se essas histórias estiverem alinhadas com suas crenças políticas.

Em outras palavras, notícias falsas sobre política geram memórias falsas, com a pessoa passando a acreditar nesses simulacros.

A pesquisa foi realizada na semana anterior ao referendo de 2018 sobre a legalização do aborto na Irlanda, mas os pesquisadores sugerem que as notícias falsas provavelmente tiveram efeitos semelhantes em outros contextos políticos - como a corrida presidencial dos EUA e do Brasil e a votação do Brexit, no Reino Unido - e deverão continuar a ter em eventos futuros, como a eleição presidencial norte-americana do ano que vem.

"Em contextos políticos partidários altamente emocionais, como a eleição presidencial dos EUA em 2020, os eleitores podem 'lembrar' notícias totalmente fabricadas," disse a pesquisadora Gillian Murphy, da Universidade College Cork. "Em particular, é provável que eles 'lembrem' de escândalos que reflitam mal no candidato oponente."

Detalhes inventados

Embora tenha havido inúmeros estudos sobre as notícias falsas, Murphy inovou em sua abordagem ao examinar informações incorretas e falsas memórias em relação a um referendo do mundo real, e não em experimentos de laboratório.

Quase metade dos entrevistados relatou uma memória para pelo menos um dos eventos inventados; muitos deles recordavam detalhes ricos sobre uma notícia fabricada. Os indivíduos a favor da legalização do aborto mostraram-se mais propensos a se lembrar de uma falsidade sobre os oponentes do referendo; de modo inverso, aqueles contra a legalização eram mais propensos a se lembrar de uma falsidade sobre os proponentes.

Muitos participantes não conseguiram reconsiderar sua memória mesmo depois de saberem que algumas das informações eram fictícias. E vários participantes relataram detalhes que as notícias falsas não incluíam.

"Isso demonstra a facilidade com que podemos plantar essas memórias totalmente fabricadas, apesar da suspeita dos eleitores e mesmo de um aviso explícito de que podem ter sido mostradas notícias falsas," disse Murphy.

Checagem com artigo científico:

Artigo: False Memories for Fake News During Ireland’s Abortion Referendum
Autores: Gillian Murphy, Elizabeth F. Loftus, Rebecca Hofstein Grady, Linda J. Levine, Ciara M. Greene
Publicação: Psychological Science
DOI: 10.1177/0956797619864887
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