Queremos significado
Embora todas as pessoas sejam naturalmente motivadas a encontrar significado em suas vidas, esse desejo subconsciente leva algumas delas para o lado oposto, muito longe da realidade, o que inclui acreditar em teorias da conspiração e adotar sistemas de crenças perigosos.
Os pesquisadores Arie Kruglanski e Dan Raviv basearam-se em uma extensa pesquisa sobre psicologia individual e psicologia social para mostrar como a necessidade das pessoas por "significado" impulsiona suas ações, governa seus sentimentos e domina seus pensamentos.
"Especialistas em motivação humana afirmam que todas as pessoas compartilham o mesmo conjunto de necessidades básicas, e tudo o que as pessoas fazem, tentam alcançar ou evitam está a serviço da satisfação de uma ou mais dessas necessidades básicas", explica a dupla. "A necessidade de significância e importância é uma dessas necessidades básicas preeminentes que todas as pessoas têm."
O problema é que a sociedade ocidental está plena de incertezas, do questionamento dos valores democráticos por líderes populistas às crises financeiras, guerras e à pandemia.
"Mas não é só a incerteza que tem sido tão preocupante para muitos," explicam. "É uma perda de significado que a incerteza conota."
E é nesse momento que as pessoas se desviam de um pensamento sensato e ponderado, e descambam para teorias da conspiração, crenças perigosas e à sujeição a líderes fascistas, com suas tradicionais propostas de soluções simplistas - que nunca funcionam, é claro - para as complexas questões de uma sociedade que se comunica planetariamente.
Busca de significado descamba para o não significado
Os dois pesquisadores explicam que, para algumas pessoas, a incerteza sugere que os piores cenários são possíveis ou até prováveis - por exemplo, que a instabilidade financeira os deixará desabrigados, ou que o aumento no número de imigrantes significará que não sobrarão recursos para eles.
"A perda de importância que as pessoas ao redor do mundo vêm vivenciando as torna vulneráveis a um tipo específico de narrativa; aquelas que reconhecem seus medos e ansiedades e culpam algum agente ou entidade por tramas e ações nefastas que visam humilhá-las e diminuí-las," explicam. "Um aspecto importante dessas narrativas tem sido um chamado às armas contra o partido ou partidos supostamente responsáveis por essas supostas maquinações malignas. Nos últimos anos, houve uma proliferação de teorias da conspiração que identificam uma variedade de culpados como o inimigo que deve ser confrontado com violência e cujos planos satânicos devem ser agressivamente frustrados."
A psicologia revela que os julgamentos e crenças das pessoas são fortemente guiados por suas motivações e, como as narrativas de conspiração fazem as pessoas se sentirem significativas e especiais e frequentemente oferecem esperança de um futuro melhor, elas tendem a ser levadas a sério por públicos "privados de importância" expostos a elas.
Os pesquisadores ressaltam que, principalmente quando o senso de importância das pessoas é diminuído por circunstâncias negativas da vida, elas ficam suscetíveis a narrativas que oferecem elevação à sua dignidade e senso de importância.
"Disseminadas pelas mídias sociais na velocidade da luz, narrativas de conspiração pretendem identificar os supostos culpados pela proliferação da miséria," explicam. "Em nossas vidas privadas e no cenário mundial, o desafio é encontrar maneiras de aumentar nossa importância como um projeto ganha-ganha, em vez de nos envolvermos em um jogo amargo e competitivo de soma zero."
Conheça a si mesmo
Os dois pesquisadores sugerem que a maior ameaça à sociedade é que "o autoconhecimento costuma ser escasso", de modo que eles incentivam as pessoas a entender sua própria busca por significado, para entender melhor o que as motiva ou o que prejudica seu senso de importância.
"As pessoas muitas vezes desconhecem completamente o motivo pelo qual fazem o que fazem e quais são os motivos básicos que fundamentam suas escolhas, decisões e ações. Apesar dessas dúvidas, talvez seja melhor encarar a verdade sobre nós mesmos e navegar por ela, em vez do proverbial enterrar a cabeça na areia," afirmam.
A principal sugestão é que, para nos protegermos contra buscas prejudiciais por importância, incluindo teorias da conspiração, devemos aprender o que nos motiva - se somos motivados por dinheiro, amor, valores ou alguma outra ambição.
"Se você puder, de alguma forma, quantificar a importância da significância para você, a intensidade com que reage a desafios à sua dignidade, o quanto se sente mal quando é 'rebaixado' pelos outros e o que desperta sua inveja, empatia ou admiração, então poderá identificar diretrizes para navegar pela sua vida com mais sucesso," explicam. "Esta parte do 'conhecer a si mesmo' pode sugerir quais situações podem ser benéficas e quais evitar, quais convites aceitar e quais recusar, quais amigos escolher ou evitar e com quais objetivos se comprometer ou rejeitar."
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