Que fatores influenciam a recordação dos sonhos?

Os sonhos refletem memórias múltiplas e antecipam eventos futuros. Contudo, a função emocional dos sonhos não é a mesma em todos as culturas.
[Imagem: Stefan Keller/Pixabay]

Quem se lembra mais dos sonhos?

Embora quase todas as pessoas sonhem, a capacidade de recordar essas experiências varia significativamente de uma pessoa para outra.

Valentina Elce e colegas da Escola de Estudos Avançados Lucca (Itália) queriam entender melhor este fenômeno, e então partiram para analisar os fatores que influenciam a recordação dos sonhos.

Os resultados indicam três fatores principais que determinam se uma pessoa vai se lembrar do sonho ao acordar: A atitude em relação aos sonhos, a propensão da pessoa para a divagação mental e os padrões de sono.

Com relação à atitude em relação aos sonhos, os resultados indicam que as pessoas que atribuem maior significado aos sonhos têm maior probabilidade de relatar a experiência de sonhar quando acordam, mas esse maior interesse não aumenta necessariamente a sua capacidade de lembrar do conteúdo da sua experiência. E, embora a recordação frequente de sonhos possa fomentar o interesse pelo significado ou importância dos sonhos, a direção da causalidade permanece pouco clara.

Já a tendência para a divagação mental funciona como um preditor positivo muito firme sobre a lembrança dos sonhos. A associação entre a divagação mental, o chamado "sonhar acordado", e a recordação de sonhos observada indica uma maior propensão para gerar espontaneamente experiências oníricas, independentemente dos estímulos externos e dos estados de vigilância.

A recordação de sonhos também parece ser influenciada pelos padrões de sono, ou seja, indivíduos que tipicamente têm episódios de sono longos, juntamente com uma baixa proporção de sono profundo, mostram uma maior probabilidade de recordação de sonhos em comparação com aqueles que têm um sono mais curto e profundo. Este fenômeno apresenta ainda flutuações sazonais, sendo a recordação dos sonhos tipicamente mais baixa durante o inverno do que durante a primavera e o outono.

"Esta investigação reforça a ideia de que os sonhos são moldados por fatores inter e intra-individuais, que abrem novas perspectivas para compreendermos a sua ligação com a memória e a mente humana," comentou o professor Giulio Bernardi, destacando que "o estudo dos sonhos é essencial na medida em que se sabe que eles desempenham um papel essencial na aprendizagem, na consolidação das memórias e até na nossa saúde mental e física".